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A mais alta da micareta
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CHICO FELITTI
DE SÃO PAULO
Toda tarde de domingo é Carnaval no largo do Arouche. E estou no meio da festa. Literalmente. A multidão que lota os bares e a praça do largo me abraça. Se não no sentido estrito do termo, pelo menos é a impressão que dá ao se olhar a praça de cima. De onde a miro.
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Sou a mais alta da multidão. Pudera: com duzentos e poucos anos, cheguei aos 30 metros. Mas é em vão tentar competir com os edifícios ao redor. Enquanto eles têm 20 e poucos andares, eu chego à altura de dez pisos e só. Muito para uma árvore, nem tanto para o centro da cidade.
Mas faço agradar também a outro público, não só os festeiros de fim de semana. Lygia Fagundes Telles, escritora das maiores do país, já leu sob minha copa algumas vezes. Fico a uns 20 passos da entrada da Academia Paulista de Letras, que ela frequenta semanalmente.
Pelo menos estou livre. Uma grade me circundava até três anos atrás. Felizmente, foi tirada e deixou as pessoas chegarem perto. Estou acostumada a contato humano. Na época em que eu ficava na mata atlântica, índios batiam nas minhas raízes em formato de tábua para fazer som e, com ele, se comunicar.
ÁRVORES DE SÃO PAULO |
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Veja o perfil de algumas das mais antigas |
Madame entre árvores, árvore entre madames |
Disfarce de uma sobrevivente |
A última jade atlântica |
A mais alta da micareta |
No ritmo da preguiça |
O triste fim da primeira árvore |
Um pé livre |
Não pense que me contaram, não. Eu vi. Estou aqui desde o século 19, quando a paisagem era rural e pertencia à propriedade do general José Toledo de Arouche Rendon. Ainda hoje vejo flores daqui de cima. Mas só no mercado florista, há quase 60 anos na minha sombra, porque minhas próprias flores não têm pétalas.
Vi essas terras se cobrirem de asfalto e me cercarem de obras de arte, como "Depois do Banho", escultura de Victor Brecheret de 1932, menos famosa que o "Monumento às Bandeiras", que fica ao lado do parque Ibirapuera, mas ainda assim peça digna de museu.
Sou solitária por opção. Um chichá não nasce muito perto do outro.
Até porque haja terra para nutrir um gigante. Minha companhia acaba sendo humana mesmo.
Só vale evitar se aproximar demais no fim do ano. É o período em que eu dou meu fruto, o xixá (não confundir com meu nome, que é chichá). O nome significa "fruto semelhante a mão ou punho fechado", explica a naturalista Jean Smith. Cuidado, então: no fim do ano, às vezes soco sem querer.
Chichá (Sterculia chicha) - Largo do Arouche, centro de São Paulo
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