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No ritmo da preguiça
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CHICO FELITTI
DE SÃO PAULO
São Paulo não é mais o habitat natural da preguiça. Ou, melhor, das preguiças. Tanto do sentimento lânguido que Macunaíma ficava dizendo ter aos montes quanto do mamífero conhecido como bicho-preguiça. Mas, procurando bem, é possível achar os dois por aqui.
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Duvida? É só perguntar por mim: o jatobá do parque da Luz, sentar-se num dos bancos da alameda e esperar. Muito. Quando se cansar, depois de uma hora, lembre-se que tenho 130 anos e ainda espero pacientemente pelas visitas.
O bicho vem depois de alcançar a distância de 20 metros entre meus galhos e o chão. Cinza, meio amarronzado, ele se confunde com minhas folhas.
"A gente apelidou a preguiça de Ana Devagar", diz o faxineiro João Marino, 47. "Em homenagem a Ana, uma garota que trabalhava aqui e era devagar demais. Tão devagar que às vezes nem entendia que um cabra parado, olhando pra ela por mais de cinco minutos, era cliente."
ÁRVORES DE SÃO PAULO |
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Veja o perfil de algumas das mais antigas |
Madame entre árvores, árvore entre madames |
Disfarce de uma sobrevivente |
A última jade atlântica |
A mais alta da micareta |
No ritmo da preguiça |
O triste fim da primeira árvore |
Um pé livre |
Ana, a lenta, não está mais ali. Mas não é difícil ver outras moças pararem embaixo de mim e esperarem por homens. A negociação ocorre em pé e à luz do dia. Cliente e prestadora de serviço conversam antes de bater o martelo.
Mas nem sempre foi assim. O parque, primeira área verde pública da cidade, foi demarcado em 1798. Eu nem viva era. E as pessoas vinham fazer passeios aqui. Era programa de domingo, para se usar roupa de missa. Tarde de inspiração francesa para um parque afrancesado.
Só que o tempo passou e é tão difícil ver uma madame aqui quanto avistar um jatobá entre as marginais Tietê e Pinheiros. Antes, índios usavam madeira do meu tipo para fazer canoas. Depois, descobriram que era uma das dez mais valiosas do mundo, diz site especializado em "mobília exótica". E fui ficando só.
Só não, com outras figuras exóticas da cidade que parecem resistir ao tempo. Uma dupla toca viola caipira ali. Tudo coisa de meio século atrás --"No Calor dos Teus Braços", das irmãs Galvão, "Desventura", de Belmonte e Amaraí. "Se alguém quiser aprender, é só sentar junto", diz Deco Macano, 61. "É assim que as coisas funcionam aqui. Devagar."
Jatobá (Hymenaea courbaril) - Parque da Luz, centro de São Paulo
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