Foi da televisão de sua cela, na sede da Polícia Federal em Curitiba, que Marcelo Odebrecht, ex-presidente do grupo Odebrecht, soube da delação da JBS e da imunidade concedida aos donos do frigorífico.
A notícia o deixou furioso, segundo relatos de policiais que estavam no local.
Diferentemente de Marcelo, condenado a dez anos de pena, sendo dois e meio em regime fechado, os irmãos Joesley e Wesley Batista receberam garantia de que não serão presos e não terão que usar tornozeleira eletrônica.
Eles assinaram um acordo de delação no início do mês.
Os outros cinco executivos do frigorífico que firmaram colaboração também receberam a mesma imunidade.
No caso da Odebrecht, todos os 77 delatores terão alguma pena a ser cumprida.
A maioria foi condenada a regime domiciliar ou semiaberto com uso de tornozeleira, segundo a negociação fechada com a PGR (Procuradoria-Geral da República).
Os investigadores atribuem a diferença de tratamento ao conteúdo, ao momento e à forma em que essas duas delações aconteceram.
No caso da Odebrecht, as conversas se iniciaram quando Marcelo e mais quatro executivos estavam presos e já tinham sido condenados pelo juiz federal Sergio Moro.
Além disso, a ex-secretária Maria Lúcia Tavares, que trabalhou no setor de pagamentos de propinas do grupo, havia firmado acordo com os procuradores denunciando o esquema da empresa.
O que disseram sobre Lula
JBS
> Foi favorecido por pagamentos de propina disfarçados de doações oficias
> Assim como Dilma, era beneficiário de uma conta no exterior
Odebrecht
> Foram detalhadas obras feitas no sítio de Atibaia frequentado pela família do ex-presidente e pagamentos a parentes seus
> Conta conjunta era dedicada a projetos de interesse de Lula e do PT
> Tinha conhecimento de doação de caixa dois para campanhas de 2002 e 2006
O que disseram sobre Dilma
JBS
Teve campanha de reeleição em 2014 financiada por propinas disfarçadas de doações oficiais -que foram pagas nos últimos 15 anos e totalizaram R$ 400 milhões. Em troca, JBS recebia facilidades junto ao BNDES e fundos de pensão. Guido Mantega, então ministro da Fazenda, operava o esquema
Odebrecht
> Sabia de caixa 2 a campanhas de 2010 e 2014
> Encontrou-se no México (já com a Lava Jato em curso) com Marcelo Odebrecht, que mostrou pagamentos ilícitos feitos
> Sabia de pagamento ilícito em contrato da Petrobras relacionado ao PAC SMS
O que disseram sobre Aécio
JBS
Recebeu R$ 2 milhões em propina para que quitasse despesas com dois advogados; em ação controlada, a Polícia Federal fez imagens da entrega do dinheiro a primo de Aécio. O montante, rastreado, foi para uma empresa do filho do senador Zezé Perrela (PSDM-MG)
Odebrecht
> Quando era governador de MG, recebeu propina e formou conluio para a construção da Cidade Administrativa, sede do Estado
> Teve campanhas financiadas via caixa 2
> Recebeu R$ 50 milhões para defender interesses da Odebrecht e da Andrade Gutierrez nas obras das hidrelétricas no Rio Madeira (RO)
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