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15/04/2013 - 05h23

Maduro cita Bush e Calderón para defender vitória

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FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL A CARACAS

Pouco depois do anúncio do CNE (Conselho Nacional Eleitoral) de que havia ganhado com diferença em torno de 1,5% dos votos a Presidência da Venezuela, Nicolás Maduro fez um discurso longo no qual citou até a controversa e apertada vitória de George W. Bush nos EUA em 2000 para defender seu triunfo.

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Maduro mencionou ainda outro caso polêmico na região: a vitória no México em 2006 do conservador Felipe Calderón contra Manuel López Obrador, do esquerdista PRD.

"E o que fez a esquerda e a oposição lá [no México]? Bom, repeita-se o resultado", ao lado de dirigentes chavistas, incluindo a mulher Cília Flores, a quem chama de "primeira-combatente" em vez de primeira-dama, com semblantes graves.

A verdade, no entanto, é que Manuel López Obrador, um aliado do chavismo, pediu uma recontagem e chegou a montar um governo paralelo no México. Por semanas, fez protestos na capital do país que acabariam por minar sua popularidade.

A imprecisão citando o esquerdista mexicano foi um elemento a mais num discurso que parecia pouco amarrado --para alguns analistas, a fragilidade de oratória do herdeiro de Chávez em comparação ao mentor contribuiu para o resultado deste domingo.

Maduro prometeu construir uma "nova legitimidade revolucionária". "Começa uma nova etapa, de eficiência, de honestidade absoluta."

APELO AOS CHAVISTAS

O discurso de Maduro deixou claro que ele sabe que os desafios não estão só no embate com a oposição de Henrique Capriles, que se rejeitou a reconhecer os resultados enquanto não forem auditados 100% dos votos.

O presidente interino, que promete tomar posse na sexta, aproveitou para fazer uma apelo aos companheiros de chavismo, um amálgama de grupos que muitos creem que só Chávez era capaz de manter unido. Pediu que fossem "propositivos" para que "não nos enrolemos num debate num momento que pode se de maior desgaste".

Enquanto isso, no Twitter, o chavista que é presidente da Assembleia, Diosdado Cabello, pedia revisão: "Busquemos nossas falhas até debaixo das pedras, mas não podemos por em risco a pátria nem o legado de nosso comandante".

O militar reformado Cabello, para muitos chavistas um representante da "direita endógena" no movimento, é considerado um rival natural de Maduro no movimento, embora tenham mostrado coordenação durante a reta final da doença de Hugo Chávez, morto em março, e na campanha.

Na outra ponta do chavismo, Nicmer Evans, cientista político ligado ao grupo de intelectuais governistas Centro Internacional Miranda, ia à revanche contra Maduro e outros dirigentes.

Nos dias prévios da eleição, Evans escreveu uma carta aberta ao mandatário interino e candidato criticando o uso de artistas recém-convertidos "à revolução" na campanha, entre outros aspectos. Foi duramente atacado. Ontem reproduzia mensagens no Twitter : "Quanta razão sempre teve um verdadeiro revolucionário como @NicmerEvans!"

As reações eram as esperadas por David Smilde, professor de sociologia da Universidade da Geórgia (EUA), que acompanha a política na Venezuela desde 1992 e mantém um blog sobre o tema para a ONG americana Wola (Escritório em Washington para a América Latina, na sigla em inglês).

Para ele, uma vitória apertada poderia "levantar dúvidas dentro da coalizão chavista." "Não se viu durante a campanha ou desde que Chávez nomeou Maduro como sucessor nem diversidade nem debate dentro do chavismo, a não ser a portas fechadas. Mas há uma diversidade muito grande no chavismo, um setor militar, que é nacionalista, mas não de esquerda, muita gente no governo que é progressista liberal, mas não socialista, e há gente da esquerda dura", disse à Folha.

Seguiu: "Esse debate, sim, vai começar amanhã. Antes que Chávez ficasse doente, estava em debate a implementação das comunas, do Estado comunal. Se Maduro não fizer isso, a esquerda da coalizão vai se sentir traída. Se o fizer, vai ter outra parte que não estará entusiasmada. Não está nada claro se Maduro pode levar adiante esse processo."

 

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