CRÍTICA
Boogarins mescla Pink Floyd, viola caipira e Mutantes em som etéreo
O recente sucesso da banda Tame Impala recolocou no vocabulário do indie rock um gênero que estava meio sumido e que sempre foi relegado a um canto: a psicodelia.
O quarteto goiano Boogarins faz parte dessa tradição musical, tão ampla quanto difícil definir. O som da banda traz elementos como o space rock do Pink Floyd e o pós-tropicalismo dos Novos Baianos, os experimentalismos sônicos dos Mutantes e –por favor não me xinguem, indies– a melancolia contemplativa da bossa nova e uma certa nostalgia lúdica da música caipira.
"Manual ou Guia Livre de Dissolução dos Sonhos" junta tudo, e o resultado é um trabalho pessoal. O Boogarins não parece fazer música de acordo com as conveniências comerciais. As canções são, na maioria, lentas e repetitivas, com guitarras que criam texturas hipnóticas e meditativas.
As letras aparentemente simples ganham força quando colocadas por cima de sua música. O senso de deslocamento é amplificado pelos sonoros etéreos e viajandões.
Eles cantam em português, mas as letras minimalistas poderiam ser traduzidas para qualquer idioma. Para o público estrangeiro, deve ser estranho e fascinante ouvir psicodelia em português e perceber como o gênero se adapta bem a qualquer cultura.
Escute 10 bandas que influenciaram Boogarins
ANDRÉ BARCINSKI é jornalista e autor de "Pavões Misteriosos" (Três Estrelas)
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