São Paulo, sábado, 21 de março de 2009

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Tudo aqui é "essencial"

Poucos móveis entram na lista básica de objetos domésticos de Amyr Klink; para a empregada doméstica Lucia Oliveira, não pode faltar batedeira em uma casa

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Em terra firme, o navegador minimalista Amyr Klink se sente cercado por "coisas demais" e gosta de escolher móveis de design simples, como quem corta extras ao preparar um barco. Mas harmonia e função têm peso igual, na lista mínima que ele faz.
Tapete persa é essencial para Klink. Ele justifica: seus ancestrais nômades usavam a peça para enrolar suas trouxas. Além disso, é belo: "Estética não machuca, não dói", diz.
Cadeiras desmontáveis Kilin, do designer Sérgio Rodrigues, são as únicas necessidades em uma sala, diz Klink. Na cozinha dele, são fundamentais: facas da marca italiana Codignoli; panelas feitas à mão da americana All-Clad e copo estilo viking -único item quebrável que ele embarca no veleiro. Beber champanhe em plástico é "coisa de animal", diz.
Design não é prioridade para Emerenciana Lucia Oliveira, 71, presidente do Sindicato dos Empregados Domésticos de São Paulo. Ela é rápida na hora de definir uma casa básica: "A minha. Eu vivo só com o essencial". Sua lista enxuta, feita à luz dos 50 anos "em casa de família", tem todos os eletrodomésticos possíveis e imagináveis, mais sofá, DVD... "A pessoa ter seu canto, montadinho, isso sim é essencial. Mas custa caro, e dívida não é conforto."
Para Claudia Matarazzo, 50, autora de livros de etiqueta como "Casa, Conforto e Requinte" (ed. Melhoramentos, 162 págs., R$ 80), essencial é ter uma casa adaptável e cheia de memórias: "Quero envelhecer onde moro; a casa precisa ser confortável para uma criança, uma mulher ou uma velhinha."
Entre os bens imprescindíveis, Cláudia elenca fontes e vasos, mesinhas para acomodar miudezas, flores e latas de lixo "lindas" em todos os cômodos.
A crise global aquece essa discussão sem fim. Neste momento, Luís Carlos Ewald, especializado em economia doméstica, acha que essencial é mais questão de necessidade que de opção: "Se não tem cama, pode ser tatame", diz. No seu lar espartano não faltariam ar-condicionado e lava-louças. Mas logo repensa: "Se bem que dá para lavar à mão, né?".


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