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Tudo aqui é "essencial"
Poucos móveis entram na lista básica de objetos domésticos de Amyr Klink; para a empregada doméstica Lucia Oliveira, não pode faltar batedeira em uma casa
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Em terra firme, o navegador
minimalista Amyr Klink se
sente cercado por "coisas demais" e gosta de escolher móveis de design simples, como
quem corta extras ao preparar
um barco. Mas harmonia e função têm peso igual, na lista mínima que ele faz.
Tapete persa é essencial para
Klink. Ele justifica: seus ancestrais nômades usavam a peça
para enrolar suas trouxas.
Além disso, é belo: "Estética
não machuca, não dói", diz.
Cadeiras desmontáveis Kilin,
do designer Sérgio Rodrigues,
são as únicas necessidades em
uma sala, diz Klink. Na cozinha
dele, são fundamentais: facas
da marca italiana Codignoli;
panelas feitas à mão da americana All-Clad e copo estilo viking -único item quebrável
que ele embarca no veleiro. Beber champanhe em plástico é
"coisa de animal", diz.
Design não é prioridade para
Emerenciana Lucia Oliveira,
71, presidente do Sindicato dos
Empregados Domésticos de
São Paulo. Ela é rápida na hora
de definir uma casa básica: "A
minha. Eu vivo só com o essencial". Sua lista enxuta, feita à luz
dos 50 anos "em casa de família", tem todos os eletrodomésticos possíveis e imagináveis,
mais sofá, DVD... "A pessoa ter
seu canto, montadinho, isso
sim é essencial. Mas custa caro,
e dívida não é conforto."
Para Claudia Matarazzo, 50,
autora de livros de etiqueta como "Casa, Conforto e Requinte" (ed. Melhoramentos, 162
págs., R$ 80), essencial é ter
uma casa adaptável e cheia de
memórias: "Quero envelhecer
onde moro; a casa precisa ser
confortável para uma criança,
uma mulher ou uma velhinha."
Entre os bens imprescindíveis, Cláudia elenca fontes e vasos, mesinhas para acomodar
miudezas, flores e latas de lixo
"lindas" em todos os cômodos.
A crise global aquece essa
discussão sem fim. Neste momento, Luís Carlos Ewald, especializado em economia doméstica, acha que essencial é
mais questão de necessidade
que de opção: "Se não tem cama, pode ser tatame", diz. No
seu lar espartano não faltariam
ar-condicionado e lava-louças.
Mas logo repensa: "Se bem que
dá para lavar à mão, né?".
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