São Paulo, quinta-feira, 18 de outubro de 2007

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Fazendas tombadas conservam móveis e características do século 19

MARCELO TOLEDO
DA FOLHA RIBEIRÃO

Nas fazendas de café tombadas pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico) em São Carlos casas-sede centenárias, tulhas, terreiros de café e até senzalas convidam o visitante a viajar pelo século 19 e o início do século passado e conhecer um pouco do que foi o período cafeeiro em São Paulo.
O tombamento mais recente é o da Santa Maria, que teve nove construções protegidas, inclusive uma senzala utilizada para abrigar até 80 escravos no século 19. São 1.500 hectares, pertencentes à família Malta Campos desde 1904. A fazenda começou a ser construída em 1887, um ano antes do fim da escravidão no país.
Como há 120 anos, equipamentos usados para castigar os escravos são preservados no local. "As fazendas antigas derrubaram as senzalas, porque não queriam lembrança da escravidão. Mas nossa família avaliou que era preciso preservar. Não preservamos a memória da escravidão, mas a injustiça que as pessoas sofreram naquele período", afirmou o engenheiro agrônomo Décio Luiz Malta Souza Campos, 78, um dos donos da fazenda.
A propriedade tem um museu com mobiliário dos dois últimos séculos e mais de 3.000 volumes entre livros e discos.
Já a fazenda Pinhal, com 18 alqueires tombados desde 1981 pelo Condephaat, é ainda mais antiga que a Santa Maria e conserva um acervo de 3.000 obras literárias. "Tudo está intacto, com mobiliário, altar e outras peças da época", disse Francisco de Sá Neto, presidente da Associação Pró Casa do Pinhal.
O casarão da propriedade foi construído em 1831 e ampliado em 1860. A Pinhal oferece hospedagem em 14 apartamentos. Já a Santa Maria se destina, principalmente, à visitação de um dia -tem dois chalés.
Com a inauguração, em novembro do ano passado, do Museu Asas de Um Sonho, da TAM, a visita às fazendas tombadas foi incentivada. "As pessoas passam um período do dia aqui e outro no museu. Os roteiros se completam", afirmou Campos.
Há uma terceira fazenda tombada na cidade, a Santa Eudóxia, que ainda não explora o turismo.


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