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PRESIDENTE 40 ELEIÇÕES 2010
Partidos usam brechas na lei para não expor doadores
Legendas recebem depósitos nas contas comuns, e não na conta eleitoral
Diretórios nacionais declararam ter recebido R$ 18,4 mi em junho; comitês de campanha só foram criados neste mês
BRENO COSTA
DE SÃO PAULO
Apesar de novas regras
criadas este ano pelo TSE
(Tribunal Superior Eleitoral)
para inibir doações ocultas
nas eleições, os partidos já
identificaram duas brechas
para não expor a origem dos
recursos repassados para
campanhas eleitorais.
Doações ocultas são aquelas que irrigam as campanhas, mas nas quais a ligação direta doador-candidato
não é identificável.
Os diretórios nacionais declararam ao TSE ter recebido
de empresas e pessoas físicas, somente em junho,
R$ 18,4 milhões. Esse valor
não inclui as arrecadações de
comitês financeiros e de candidatos isolados, que começaram neste mês.
O volume é inédito. Em junho de 2006, os partidos receberam R$ 263 mil. Em todo
o ano passado, essas mesmas legendas receberam
apenas R$ 5,3 milhões.
PT, PV e PPS não entraram
na conta, porque ainda não
entregaram à Justiça Eleitoral os balancetes de junho.
Para brecar as doações
ocultas, o TSE determinou
que os diretórios criassem,
ainda em março, uma conta
específica para as eleições.
Em tese, todo dinheiro da
campanha deveria entrar diretamente ali.
A brecha encontrada pelas
legendas foi justamente ignorar a nova conta. A maioria
das doações do mês de junho
entrou por meio de suas contas comuns, apesar de a
"eleições" estar liberada.
Do total de doações, R$
11,8 milhões (65%) entraram
no caixa geral dos partidos.
Com isso, se misturaram ao
bolo de "recursos próprios",
com outras fontes de receita.
Esse dinheiro pode, eventualmente, ser transferido
para a conta "eleições", para
depois chegar aos candidatos. Mas a origem exata do dinheiro ficará prejudicada.
Segundo tesoureiros e secretários de finanças de partidos ouvidos pela Folha, a
partir do momento em que
esses recursos migrarem para a campanha, após as eleições só será possível saber a
lista de doadores ao partido,
mas sem a ligação direta entre doador e beneficiário.
"É um critério dos doadores. Resolveram doar para o
partido, e não para a campanha. Como o dinheiro é um
bem fundível, ele se mistura
um no outro e vai formar um
pacote", diz o deputado federal Márcio França, secretário
de finanças do PSB, que recebeu R$ 1,2 milhão -só R$ 50
mil na conta "eleições".
Para o vice-presidente executivo do PSDB, Eduardo Jorge, as novas regras do TSE
para identificar a cadeia
completa de doações são
uma "ilusão".
"O que nós [do PSDB] vamos acabar fazendo é o seguinte: no final de todas as
doações, divide "pro rata"
[proporcionalmente] e diz
que deu para todo mundo
"pro rata'", afirma.
A outra brecha, também
admitida por tesoureiros, é a
que permite uma espécie de
"lavagem" de doações, numa operação triangular, em
que os recursos do Fundo
Partidário migram para as
campanhas, e as doações de
empresas são usadas para
custeio interno.
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