São Paulo, quarta-feira, 25 de agosto de 2010

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Alvo de Indio e Leal, Temer nega fisiologismo do PMDB

 VICES DE SERRA E MARINA DIZEM QUE NÃO TERIAM DILMA COMO GERENTE   PEEMEDEBISTA REBATE: "O BRASIL QUER CONTRATÁ-LA"

A ocupação da máquina federal pelo PMDB num eventual governo Dilma Rousseff (PT) marcou ontem o debate Folha/UOL entre os principais candidatos a vice-presidente da República.
Companheiro de chapa da petista, o presidente do partido e da Câmara, Michel Temer, negou as acusações de fisiologismo e chegou a dizer que o partido pode abrir mão de cargos caso Dilma seja eleita. "Não há coisa de partilha de cargos", disse. "É possível que o PMDB não tenha nenhum cargo, e mesmo assim nós vamos colaborar."
Os vices de José Serra (PSDB), Indio da Costa (DEM), e de Marina Silva (PV), Guilherme Leal, fizeram dobradinha para atacar Dilma.

BERNARDO MELLO FRANCO
BRENO COSTA
DE SÃO PAULO

O debate foi transmitido ao vivo pela internet e mediado pelo colunista Fernando Rodrigues. Participaram Vera Magalhães, editora de Poder, e Irineu Machado, editor-executivo do UOL Notícias. Com regras flexíveis, os candidatos conversaram durante duas horas nos estúdios do portal, em São Paulo.

 


Candidato a vice na chapa de Dilma Rousseff (PT), o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), negou que seu partido já tenha uma lista de cargos a ocupar em caso de vitória da petista. "Não há coisa de partilha de cargo, não há nada disso.
É a presidente eleita quem vai chamar os partidos e dizer "Vou dar isso", ou "Não vou dar nada". O que o PMDB vai fazer é colaborar. O PMDB repudia essa coisa do fisiologismo", disse Temer.
"Não há fisiologismo, não há troca de cargos. Vocês sabem que não há governo municipal ou estadual que não chame os partidos para governar. É saudável para a democracia", continuou. "No próximo governo é possível que o PMDB não tenha nenhum cargo, e mesmo assim nós vamos colaborar, porque teremos a Vice-Presidência."
Ele comparou o caso brasileiro ao parlamentarismo alemão. "Ninguém fica chocado quando a [chanceler] Angela Merkel ganha a eleição e chama os partidos." Líder nas pesquisas, com possibilidade de vitória no primeiro turno, Dilma voltou à mira do vice de José Serra (PSDB), deputado Indio da Costa (DEM-RJ). Ele tentou desconstruir a imagem da petista e disse que ela não teria experiência para governar o país sozinha.
"Lula apresenta uma candidata que ninguém sabe quem é. Na minha opinião, ela é despreparada para governar o Brasil", afirmou. O vice de Serra disse que eleger uma candidata pela popularidade do presidente seria "um grave risco". "Essa história de criatura e criador, para ter um problema no dia seguinte é simples."
Após chamar Dilma de uma "péssima gerente" do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), Indio fez dobradinha com o vice de Marina Silva (PV), Guilherme Leal. Ele perguntou ao adversário, controlador da Natura, se contrataria a petista como gerente da empresa.
"Você, Guilherme, contrataria a Dilma para gerir a sua empresa?", perguntou. "Tenho minhas dúvidas", respondeu Leal.
Temer riu. Mais tarde, devolveu: "O Leal e o Indio não contratariam a Dilma como gerente. Tenho a sensação de que o povo brasileiro está querendo contratá-la para presidente. Aí a vontade soberana do povo se sobrepõe às vontades individuais".
Em outros momentos, o vice da petista voltou a atuar como seu advogado. "O que Dilma mais faz é debater. Ela só debate, o tempo todo", disse, quando Indio e Leal questionaram a ausência dela em debate promovido na véspera por emissoras católicas.
O vice de Serra acusou a petista de ter faltado ao encontro para "ir a um show de rock". Na verdade, ela usou o Twitter no horário do debate para comentar uma música da banda Pato Fu. "Enfim, estava ouvindo música em vez de debater", disse.

CONSTITUINTE
A proposta de convocar uma Constituinte exclusiva para a reforma política também dividiu opiniões. Leal disse ser a melhor forma de "retirar gargalos ao desenvolvimento" e rechaçou comparações com a Venezuela de Hugo Chávez, que chamou de populista.
Temer se disse contrário: "Não há clima no país para uma Constituinte exclusiva". No entanto, defendeu uma revisão constitucional para reformas política e tributária.
Leal se irritou com a pergunta se sua candidatura a vice poderia ser vista como uma estratégia de marketing para associar sua empresa, a Natura, à fama internacional de Marina como defensora do meio ambiente. "Jamais colocaria em risco o êxito empresarial da Natura por uma jogada desse tipo", disse.
Indio bateu na tecla de associar o PT às Farc e disse que a eleição de Dilma pode levar ao cerceamento da liberdade de imprensa. Temer negou e disse que não há "viabilidade" de controlar a imprensa. Prometeu, se eleito, doar o salário (cerca de R$ 10 mil) às Santas Casas. Afirmou nunca ter usado drogas e evitou polemizar com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que defende a liberação da maconha.

Veja o encontro na íntegra

www.folha.com.br/mm787992


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