Índice geral Poder
Poder
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Pará deve rejeitar divisão em plebiscito hoje

Frente contra a criação de Carajás e Tapajós já comemora vitória, mas abstenção pode favorecer a separação

Ala que defende novos Estados conta com a ausência de eleitores na periferia de Belém;
4,8 mi devem votar

SILVIO NAVARRO
ENVIADO ESPECIAL A MARABÁ (PA)
RODRIGO VIZEU
ENVIADO ESPECIAL A SANTARÉM (PA)
AGUIRRE TALENTO
DE BELÉM

A população do Pará vai às urnas hoje para decidir pela primeira vez no Brasil sobre a criação de novos Estados, num plebiscito marcado pela ampliação do ressentimento nas áreas que desejam se emancipar e que será decidido pela força do eleitorado da região de Belém.

Cerca de 4,8 milhões de eleitores do Estado foram convocados a opinar se o território de 1,2 milhão de km² e repleto de diferenças culturais e econômicas deve ser repartido em três -Carajás, Tapajós e Pará.

As campanhas das frentes favoráveis e contrárias à divisão terminaram em clima tenso, com o envolvimento do governador, Simão Jatene (PSDB), contra a partilha.

Segundo pesquisa Datafolha divulgada ontem, 65% dos eleitores não querem a criação do Carajás, e 64% são contra o Tapajós.

A ala antidivisão teme que o índice de abstenção no entorno de Belém seja alto, o que poderia ser decisivo.

Alguns fatores podem influenciar, como o feriado do servidor público na quinta-feira, que acabou emendado na região metropolitana da capital, e o desconhecimento sobre o número para votar.

A população do que seria o Pará remanescente, majoritariamente antidivisão, é muito superior à soma dos moradores das áreas separatistas: 4,6 milhões, ante 2,9 milhões.

O Pará é um dos Estados que registra historicamente alta abstenção: 21% no primeiro turno de 2010, e 27% no segundo turno.

A frente antidivisão já dá como certa a vitória e já demonstra preocupação com as sequelas do plebiscito. "Na sequência, tem que haver gestos de conciliação e esperar por um novo olhar do Brasil", disse o deputado Zenaldo Coutinho (PSDB).

ISOLAMENTO

A Folha visitou os municípios que abrigariam as capitais dos novos Estados -Marabá e Santarém. Nessas cidades, a queixa recorrente é de abandono pelo poder central, Belém.

Estudo do Idesp (Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará) aponta que o território do Pará que sobraria recebeu, em 2010, mais investimentos que os outros dois: R$ 223 per capita, contra R$ 96 do Carajás e R$ 60 do Tapajós.

Já os críticos à divisão afirmam que o Pará reduzido perderia 44% do PIB atual, áreas de florestas preservadas do Tapajós e jazidas de minérios do Carajás.

Outra questão é o impacto federativo. Se aprovada a separação, serão criadas duas novas Assembleias, o que aumentaria o gasto público.

Seriam criadas mais seis cadeiras no Senado e, pelo menos, oito vagas na Câmara dos Deputados para cada novo Estado, conforme determina a Constituição.

Estudos mostram que a cisão criaria três Estados deficitários, embora Carajás tenha força econômica devido à exploração do ferro.

Tapajós nasceria pobre e isolado geograficamente, e o Pará reduzido perderia recursos em contraste ao tamanho da população.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.