São Paulo, quinta-feira, 21 de abril de 2011

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CARLOS HEITOR CONY

A história do mundo

RIO DE JANEIRO - Estamos cansados de lamentar as deficiências do ensino tal como vem se praticando no Brasil, sobretudo dos tempos autoritários para cá, quando as reformas no campo educacional foram desastrosas e ainda não chegamos ao fundo do poço.
Temos exceções. Há uma brilhante geração de profissionais que dão para o gasto. Surpreendo-me com eles, na faixa dos 30 anos, que dominam um conhecimento surpreendente nos ramos da administração, da economia, da técnica e da ciência.
Mas são exceções, repito. Prevalece a grande, a imensa massa do estudante comum, que passa pelas escolas e até mesmo pelas faculdades e aprende pouco, pouquíssimo, e, o que é mais doloroso, aprende mal.
São conhecidos diversos casos que nos envergonham. Em época de vestibular, é comum a divulgação de besteiras que circulam nas provas, algumas delas de fazer os paralelepípedos da rua Lins de Vasconcelos chorarem (estou usando uma velha imagem do Nelson Rodrigues que é do meu agrado.)
Tempos atrás, após palestra em faculdade de uma das capitais mais prósperas do país, um professor mostrou-me a cópia da prova de um aluno que se habilitava ao curso superior. A questão formulada era: "O que aconteceu de importante no Brasil em 1954". Resposta: "Getulio Vargas foi enforcado porque mandou matar Carmem Miranda, que estava em Paris".
Para muitos da geração que está chegando ao mercado da comunicação e da publicidade, o mundo, a história do mundo começou com Elis Regina, com o cinema novo e a bossa nova.
Antes disso, havia a muralha espessa, intransponível, que fazia Tiradentes descobrir o Brasil, JK nascer em Brasília e Jesus Cristo ter morado no Vaticano, onde proibiu o uso da camisinha.


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