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FERNANDO RODRIGUES
PT & PMDB, Inc.
BRASÍLIA - O PMDB formalizou
a indicação do deputado Michel Temer como candidato a vice numa
chapa encabeçada por Dilma Rousseff, do PT. Embora as convenções
das duas legendas ainda precisem
ratificar o casamento, a aliança hoje
parece quase irreversível.
Trata-se apenas de um projeto de
poder. Não há ideologia envolvida.
Mas mesmo esse aspecto negocial e
previsível não retira do acordo um
ar de virada histórica. O PT nunca
disputou o Palácio do Planalto
apoiado, desde o início, por uma sigla tão forte como o PMDB.
Quem sempre ancorou as pretensões do PT foram seus militantes e a
presença constante de Lula em todas as eleições pós-ditadura militar.
Lula neste ano está fora. Parte considerável dos militantes aboletou-se em empregos públicos. Restou
ao PT capitular ao establishment. O
epítome da guinada é a joint venture com o PMDB.
A propósito da trajetória do PT
rumo à centro-direita, o PP (ex-Arena, ex-PDS) só não entra na
aliança dilmista porque não quer.
Lula ainda tem esperanças de cooptar a sigla de Paulo Maluf.
A entrada do PMDB na coalizão
petista é parte de um escambo. Os
peemedebistas têm centenas de
cargos no governo federal. Em troca, dão o seu precioso tempo de TV
para o PT. Simples assim.
Há também oportunidade política. O PMDB embarca por ver perspectiva de poder no "projeto Dilma" -apesar de a sigla não ser especialista em vatícinios eleitorais.
O PMDB perdeu a eleição para
presidente em 89 (com Ulysses
Guimarães) e em 94 (Orestes Quércia). Em 98, ficou sem candidato.
Em 2002, com José Serra (PSDB),
registrou novo fracasso.
Agora a cúpula peemedebista
considera ter acertado o passo. E se
Dilma perder? Não tem problema.
É só um negócio. O PMDB acabará
participando do próximo governo.
Não importa qual seja o governo.
fernando.rodrigues@grupofolha.com.br
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