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FERNANDO DE BARROS E SILVA
O Bolsa-Mídia de Lula
SÃO PAULO - O jornalista Fernando Rodrigues deu uma grande
contribuição ao conhecimento da
máquina de propaganda do lulismo.
A reportagem que publicou ontem
na Folha mostra como, na atual
gestão, o Planalto adotou uma política radical e sistemática de pulverização da verba publicitária destinada a promover o governo.
Em 2003, a Presidência anunciava em 499 veículos; em 2009, foram 2.597 os contemplados -um
aumento de 961%. Discriminada
por tipo de mídia, essa explosão capilarizada da propaganda oficial irrigou primeiro as rádios (270 em
2003, 2.597 em 2008), depois os
jornais (de 179 para 1.273) e a seguir o que é catalogado como "outras mídias", entre elas a internet,
com 1.046 beneficiadas em 2008.
O que isso quer dizer? A língua
oficial chama de regionalização da
publicidade estatal e a vende como
sinal de "democratização". Na prática, significa que o governo promove um arrastão e vai comprando
a mídia de segundo e terceiro escalões como nunca antes neste país.
Exagero? Eis o que diz Ricardo
Barros (PP-PR), vice-líder do governo e membro da Frente Parlamentar de Mídia Regional: "Cerca
de 50% das rádios e dos jornais do
interior pertencem ao comunicador. O dono faz o jornal ou o programa de rádio. Se recebe dinheiro,
passa a ter mais simpatia e faz uma
comunicação mais adequada ao governo. Há uma reciprocidade".
Enquanto, na superfície, Lula
trata de fazer a sua guerra retórica
contra a "imprensa burguesa", que
lhe dá azia, no subsolo do poder a
engrenagem montada pelo ministro Franklin Martins se encarrega
de alimentar a rede chapa-branca
na base de verbas publicitárias. É o
Bolsa-Mídia do governo Lula.
Essa mídia de cabresto que se
consolidou no segundo mandato
ajuda a entender e a difundir a popularidade do presidente. E talvez
explique, no novo mundo virtual, o
governismo subalterno de certos
blogs que o lulismo pariu por aí.
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