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Transição após ditadura explica rumos distintos
DA REPORTAGEM LOCAL
O modo como Argentina e
Chile saíram das últimas ditaduras militares também
ajuda a entender os caminhos seguido pelos países.
"A ditadura chilena [1973-90] deixou a economia em
crescimento e protestos sociais reprimidos. A argentina
[1976-83] deixou o país endividado, derrotado na guerra
[das Malvinas] e com conflito social latente", diz Osvaldo Kacef, da Cepal.
Amostra disso é que o governo Raúl Alfonsín (1983-89), o primeiro pós-ditadura
na Argentina, enfrentou 13
greves gerais e antecipou a
entrega do poder em meio à
hiperinflação e a saques.
Para o analista argentino
Sergio Berensztein, a violenta ditadura local (12 mil mortos ou desaparecidos confirmados) reduziu a capacidade
gerencial do Estado, ao enfraquecer o sistema universitário. "Em consequência, falta gente especializada e com
vocação no setor público."
No Chile, dizem dados oficiais, a ditadura deixou 3.191
mortos ou desaparecidos.
Mas Chile e Argentina enfrentam desafios em comum,
como o desemprego que ronda 10% e a criminalidade, a
maior preocupação dos chilenos e a segunda dos argentinos, atrás da desocupação.
Ficam, contudo, cenas díspares que os países geram:
poucas horas após a eleição
chilena, o derrotado indo ao
QG do vencedor para cumprimentá-lo; na Argentina,
Cristina bradando contra o
presidente do BC, a juíza que
o restituiu e o vice opositor.
Diferenças que refletem,
por um lado, certo consenso
na sociedade chilena, em que
o debate se concentra mais
em como fazer melhor as coisas do que em mudanças radicais. Do lado argentino, expressões de uma sociedade
que ainda digere frustrações
e discute que rumo seguir.
Retratos que, para o historiador argentino Luis Alberto Romero, a psicologia social ajuda a explicar. "No
Chile não há paixão política,
quase metade da população
não vota. Na Argentina tudo
é apaixonado, intenso."
(TG)
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