São Paulo, sexta-feira, 18 de junho de 2010

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Israel alivia bloqueio à faixa de Gaza

Sob pressão desde ataque a frota, país libera a entrada de material de construção e qualquer tipo de alimento

Israelenses sinalizam, porém, que manterão o bloqueio por mar; ação "cosmética" é criticada por grupos palestinos


Jim Hollander/Efe
Membros das forças de segurança do Hamas, que controla faixa de Gaza há três anos, inspecionam caminhões contendo ajuda à população palestina

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Sob forte pressão internacional desde o ataque à frota que tentava chegar à faixa de Gaza no mês passado, Israel anunciou o alívio parcial do bloqueio ao território palestino, em vigor há três anos.
Entre as principais modificações estão o fim de todas as restrições à entrada de gêneros alimentícios e permissão à maior entrada de materiais de construção, a serem usados sob supervisão externa.
Alvo de devastadora ofensiva israelense entre dezembro de 2008 e janeiro do ano passado, Gaza até hoje não conseguiu se reconstruir devido às restrições impostas.
O governo israelense advertiu, no entanto, que manterá o bloqueio naval contra o território a fim de evitar a chegada de materiais para a fabricação de armamentos pelo grupo radical palestino Hamas, que governa Gaza.
O rígido controle sobre o que entra e sai do território palestino foi imposto por Israel em 2007, após o Hamas -que vencera eleições legislativas no ano anterior contra o Fatah- tomar o controle do território e expulsar o rival.
O bloqueio arruinou a economia local, levando à eliminação de dezenas de milhares de empregos, ao fechamento de fábricas e à desidratação comercial. Além disso, falhou em deter o Hamas, que não reconhece o direito à existência de Israel.

REAÇÃO PALESTINA
A decisão, anunciada após dois dias de reuniões do gabinete do premiê Binyamin Netanyahu reflete a preocupação de Israel com o cerco internacional do qual é alvo desde o ataque à frota -que se dizia humanitária, o que o país nega- no último dia 31.
No episódio, foram mortos nove das centenas de ativistas que tentavam furar o bloqueio à faixa de Gaza levando 10 mil toneladas de ajuda para o território palestino.
Segundo funcionário israelense, o relaxamento das restrições foi decidido após consultas aos governos dos EUA e europeus. Nas últimas semanas, mesmo aliados de Israel -sobretudo Washington- vinham qualificando a situação de "insustentável".
Em uma primeira resposta, Israel já havia anunciado na última segunda a criação de comissão para investigar o episódio no Mediterrâneo.
O relaxamento do bloqueio foi saudado pelos EUA como "passo na direção correta", posição similar às de União Europeia e ONU, que cobraram mais concessões.
A expectativa, porém, é que as medidas tenham efeito prático reduzido para a população de Gaza, uma vez que boa parte dos suprimentos agora permitidos já entrava no território pelos túneis subterrâneos clandestinos -embora a preço mais alto.
Para residentes do território palestino, as mudanças foram apenas "cosméticas".
O Hamas "rejeitou" as medidas de Israel, a quem acusou de tentar apenas aplacar as pressões internacionais, e exigiu fim total do bloqueio.
Já o Fatah, que controla a Cisjordânia, cobrou publicamente a retirada das restrições, mas funcionários do grupo secular expressaram preocupação com eventual fortalecimento do Hamas.


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