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Cristina escala força total para eleições
Marido Néstor Kirchner puxa lista de políticos de renome; maioria, no entanto, não deve assumir vagas no Congresso
Aposta é obter em junho vitória no principal colégio eleitoral para compensar derrotas em outros locais e manter maioria parlamentar
Reuters
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Kirchner cumprimenta crianças em Berazatégui; além dele, seu ex-vice, Daniel Scioli, e o ministro Sergio Massa serão candidatos
THIAGO GUIMARÃES
DE BUENOS AIRES
A campanha rumo às eleições legislativas argentinas entra nesta semana em fase decisiva, aberta anteontem com o
registro das candidaturas e a
confirmação de que o governo
apostará seu futuro político nas
urnas, com o ex-presidente
Néstor Kirchner (2003-2007)
como principal candidato.
Independentemente do resultado, que pode selar o fim da
maioria governista no Congresso, serão eleições marcadas
pela estratégia do governo, que
adiantou o pleito em quatro
meses e introduziu uma nova
atitude política, lançando integrantes do Executivo a cargos
legislativos que não assumirão
-ou seja, apenas para puxar votos e "defender o modelo"
kirchnerista.
Para uma eleição que renova
metade da Câmara de Deputados (127 de 257) e um terço do
Senado (24 de 72), o governo
põe todas suas fichas na Província de Buenos Aires, maior
distrito eleitoral, com 37% dos
votantes. Reedita ali a fórmula
presidencial de 2003, com lista
de candidatos à Câmara encabeçada por Kirchner e pelo governador da Província e ex-vice-presidente, Daniel Scioli.
O voto para a Câmara argentina é dado aos partidos, que fazem listas fechadas com uma
ordem predeterminada -por
exemplo, se uma legenda obtiver votos suficientes para eleger dez deputados, serão eleitos
os dez primeiros da lista. Daí a
importância dos cabeças de
chapa para atrair votos.
Com popularidade em queda
desde a posse -hoje sua aprovação é de 30%-, a presidente
Cristina Kirchner justificou a
antecipação do pleito como forma de evitar instabilidade política em meio à crise mundial.
Néstor afirma que as candidaturas de integrantes do Executivo são uma forma de "pôr a
cara" em frente ao projeto.
Os kirchneristas apostam tudo na Província de Buenos Aires, para compensar prováveis
derrotas nos outros quatro
maiores distritos (capital, Santa Fé, Córdoba e Mendoza), que
somam 31% do eleitorado nacional, e manter a maioria na
Câmara dos Deputados.
Os prefeitos terão papel fundamental na estratégia provincial do governo -45 (de 134)
deles estarão à frente de listas
para vereador em suas cidades.
Assim o kirchnerismo puxa votos de "baixo para cima" -cada
partido tem sua própria cédula,
com candidatos para todos os
postos- e evita traições. "Os
prefeitos potencializam as listas governistas em 2 a 5 pontos
na maioria dos distritos", disse
à Folha Doris Capurro, da consultora Ibarómetro.
Pesquisas
O tom de plebiscito da campanha já foi dado por Kirchner,
que desde o verão percorre semanalmente a Província em
comícios partidários, tática que
agora cedeu lugar a caminhadas. Reivindica os seis anos de
gestão kirchnerista em contraposição ao "modelo neoliberal"
dos anos 90 e identifica a oposição com a crise de 2001-02.
Pesquisas obtidas pela Folha
antecipam uma eleição disputada na Província. Dois levantamentos mostram resultados
diferentes, com acirramento
entre as opções governista e a
do peronismo dissidente.
Enquanto para o Ibarómetro
a lista encabeçada por Néstor
Kirchner e Daniel Scioli lidera
com 40% das intenções de voto, seguida pela Unión PRO de
Francisco de Narváez e Felipe
Solá, com 28,8%, a Management & Fit registrou vantagem
de cinco pontos para a frente
opositora: 26,8% a 21,5%.
Em ambas as pesquisas o terceiro lugar fica com a lista de
Margarita Stolbizer e Ricardo
Alfonsín, da aliança entre radicais, Coalizão Cívica e Consenso Federal (partido do vice-presidente, Julio Cobos)
-16,9% pelo Ibarómetro e
19,5% na medição da Management & Fit.
A eleição de 28 de junho renova metade da Câmara eleita
em 2005, quando o governo
obteve vitória contundente na
Província de Buenos Aires,
com 43% dos votos. Na ocasião,
ironicamente, a puxadora de
votos era a hoje presidente, que
concorreu ao Senado.
Das 35 cadeiras em disputa
na Província, 20 são governistas. Hoje o governo tem 115 das
257 cadeiras na Câmara e alcança a maioria com 15 aliados.
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