Índice geral Mundo
Mundo
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

ciência em cima da hora

Falta de consenso pode suspender COP-17

Conferência do clima em Durban já estorou prazo final e, mesmo assim, negociadores não chegaram a acordo

Convenção é a mais longa da história; diplomatas dizem que Estados Unidos ameaçam vetar estrutura de novo fundo do clima

CLAUDIO ANGELO
ENVIADO ESPECIAL A DURBAN

A conferência do clima mais longa da história se arrastava na noite de ontem em Durban, África do Sul, com países ricos e pobres repetindo as arengas de sempre e resistindo a fechar um acordo que levasse adiante o combate internacional à mudança global do clima.

Do lado de fora do ICC, o centro de convenções que abrigou a COP-17, um temporal incomum para esta época do ano lembrava a desconexão crescente entre as negociações internacionais e a realidade climática.

Por mais ambicioso que seja o pacote de decisões a ser adotado em Durban -chamado de "resultado de Durban" pela presidente da COP, a chenceler sul-africana Maite Mashabane-, ele é insuficiente para permitir que o mundo tenha chance de cumprir a meta de limitar o aquecimento global de 2°C.

Afinal, o acordo adia o início da ação conjunta mundial, com envolvimento de EUA e China, os dois maiores poluidores, para 2020. Nesse ano, as emissões globais deveriam atingir o pico.

Na terceira noite seguida de discussões em Durban e no início das plenárias que deveriam oficializar o acordo, porém, ainda não estava claro se a COP terminaria com sucesso político ou se as discussões entrariam em colapso e seriam suspensas, para serem retomadas em 2012.

Os textos do segundo período de compromisso do Protocolo de Kyoto e das chamadas ações de longo prazo - que determinam o que as nações farão daqui a 2020 -foram amplamente rejeitados por nações em desenvolvimento por serem considerados pouco ambiciosos.

E negociadores diziam reservadamente que os EUA vetariam o lançamento do Fundo Verde do Clima, com cuja estrutura não concordam.

Em Kyoto, as divergências iam do prazo em que o segundo período estaria em vigor até a falta de compromissos quantitativos de corte de CO2 pelos países desenvolvidos.

A negociadora venezuelana Claudia Salerno resumiu o espírito da noite: "Precisamos aceitar essa frouxidão porque nossa frustração e nosso cansaço nos levam a aceitar qualquer coisa"?

Cansaço foi o que não faltou em Durban. Nenhuma outra conferência do clima adentrou a noite de sábado, 24h depois de seu encerramento oficial, nem chegou à madrugada de domingo, quando a maioria dos ministros já deveria estar em casa.

Ministros e diplomatas negociaram por duas madrugadas seguidas um texto que pudesse produzir um mandato de negociação de um novo acordo com força de lei para todos os países após 2020.

À zero hora de domingo, a plenária final -que produziria ou não o "resultado de Durban"- não havia começado. Nos corredores, falava-se em suspender a COP-17 e reconvocá-la no ano que vem.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.