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Acordo Oi/PT pode custar R$ 1 bi a governo
BNDES e fundos de pensão devem colocar mais capital na Oi para manter participação no bloco de controle
Lula rebate críticos de que governo interferiu no negócio, mas diz que empresa continuará a ser "brasileira da Silva"
VALDO CRUZ
SIMONE IGLESIAS
DE BRASÍLIA
BNDES e fundos de pensão
sócios da Oi podem entrar
com R$ 1,1 bilhão nos futuros
aumentos de capital da empresa para manter inalterada
sua participação no bloco de
controle da tele, que ontem
anunciou a entrada na sociedade da Portugal Telecom.
A avaliação é de analistas
de mercado, com base nas informações divulgadas ontem
pelas empresas oficializando
as negociações. Concluídas,
a Portugal Telecom terá
22,4% da Oi e investirá na
empresa R$ 8,4 bilhões.
Hoje, os grupos Andrade
Gutierrez e La Fonte detêm
19,33% cada um da empresa.
Como contrapartida, a Oi
terá 10% do capital da PT.
Além disso, segundo a Folha
apurou, o presidente Lula
disse, em conversas com sua
equipe, que o BNDES participará da operação para viabilizar a entrada da PT na Oi e,
ao mesmo tempo, garantir
que a empresa siga sob controle de empresas nacionais.
Essa foi, por sinal, a condição imposta por Lula nas negociações para que a operação fosse fechada. A Portugal
Telecom chegou a manifestar
seu desejo de comprar o controle da empresa, mas acabou aceitando entrar como
minoritária diante das resistências do presidente.
Em comunicado ao mercado, a La Fonte informou que,
fechada a operação com a
Portugal Telecom, nem ela
nem a Andrade Gutierrez poderão vender suas participações na Oi durante um prazo
de cinco anos. Depois, terão
de dar preferências aos
atuais acionistas se decidirem sair da sociedade.
Na avaliação do governo,
permitir a desnacionalização
da Oi, depois de estimular
sua criação sob a justificativa
de formar uma grande tele
brasileira, traria impactos
negativos na campanha de
sua candidata à sua sucessão, Dilma Rousseff.
CONTROLE NACIONAL
Ontem, governo e BNDES
não confirmaram nem desmentiram que o banco entraria com capital novo na operação. Informaram apenas
que tudo será feito para que
seja mantida a cláusula que
dá aos acionistas atuais a
preferência na compra de
ações da empresa.
Hoje, via BNDESpar, o
banco tem 16,89% do capital
da Oi. Patrocinados por BB,
Petrobras e Caixa, os fundos
de pensão Previ, Petros e
Funcef têm, respectivamente, 8,4%, 10% e 10%.
Com a operação confirmada, a competição na telefonia
se dará, agora, entre os mexicanos da América Móvil (Embratel, Claro e Net), os espanhóis da Telefónica (Telefónica, Vivo e TVA), os italianos da Telecom Italia (TIM e
Intelig), os franceses da Vivendi (GVT) e a nova Oi (PT,
Oi e Brasil Telecom). Há também a Nextel, mas ela só atua
com telefonia móvel.
A compra do controle da
Vivo pela Telefónica, assim
como a aquisição de fatia da
Oi pela Portugal Telecom,
precisará ser aprovada pelo
Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica),
autoridade antitruste responsável pelo julgamento de
atos de concentração.
LULA
Lula buscou ontem se defender das críticas de que interferiu no negócio. "O Brasil
não pode, nem poderia ter,
nenhuma influência nas negociações entre a Telefónica
e a Portugal Telecom. São
países soberanos que, entre
eles, fizeram um negócio
que, pelo que vi hoje nos jornais, é muito dinheiro."
Lula acrescentou que os
sócios privados e públicos da
Oi estão "negociando com a
Portugal Telecom, e, da parte
do governo, está sendo
acompanhado pelo BNDES".
As declarações foram dadas após almoço com o presidente da Nicarágua, Daniel
Ortega, no Itamaraty.
Lula afirmou que a empresa não deixará de ser nacional, porque esse foi o propósito quando criada e que continuará assim.
O fato de a Portugal Telecom ter decidido participar
da Oi, só posso dizer que a Oi
continuará sendo brasileira
da Silva (...). Vai sair uma
grande tele nacional, eu espero", disse o presidente.
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