São Paulo, terça-feira, 20 de julho de 2010

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Recurso para habitação é insuficiente

Após alta de 95% nos empréstimos, Caixa diz que precisará de fontes alternativas à poupança em três anos

65% dos depósitos em poupança são para crédito habitacional, mas empréstimo cresce mais que caderneta


Reprodução
Ilustração de projeto do arquiteto chileno Alejandro Aravena para a favela de Paraisópolis, em São Paulo

TATIANA RESENDE
DE SÃO PAULO

Os sucessivos recordes do crédito habitacional estão levando a Caixa Econômica Federal a começar a procurar fontes alternativas de financiamento, além dos recursos do FGTS e da poupança.
"Temos mais uns três anos para conseguir equacionar essa questão", disse ontem Jorge Hereda, vice-presidente de Governo do banco, ao anunciar a alta de 95,1% nos empréstimos no primeiro semestre ante igual período em 2009, para R$ 34,1 bilhões.
Por lei, os bancos são obrigados a destinar 65% dos depósitos em poupança para o crédito habitacional, mas há o temor de que o crescimento da caderneta não acompanhe o dos empréstimos.
No acumulado do ano até maio, a Caixa contabilizou 55% dos financiamentos, em valor, feitos com essa fonte.
O patamar é semelhante à participação registrada em todo o ano de 2009 (57%), que teve forte elevação ante a fatia em 2008 (31%) devido ao temor dos outros bancos após o agravamento da crise.
Apesar disso, a Caixa cumpre apenas o estipulado na legislação: 65%.
De acordo com o executivo, R$ 20 bilhões -de uma carteira de crédito imobiliário de R$ 82 bilhões- já estariam prontos para uma securitização, mas ele não quis detalhar quais contratos fariam parte da emissão. A estimativa inicial de uma emissão de R$ 500 milhões até dezembro "para testar [a atratividade do papel para] o mercado, nas palavras de Hereda, está sendo reavaliada.
A securitização consiste na transformação de uma dívida em um papel para investimento no mercado de capitais. O investidor é remunerado com uma taxa de retorno que varia de acordo com as características do financiamento, descontados os custos e o ganho do banco.
A instituição financeira, por sua vez, recicla o dinheiro sem ter de esperar até o último pagamento do tomador do empréstimo. O risco de inadimplência, normalmente, fica com o investidor.
"A poupança é um recurso de curto prazo, que pode ser sacado no momento seguinte [ao depósito]. As instituições precisam ter um colchão", afirmou Ana Maria Castelo, coordenadora de projetos da FGV.
Considerando apenas o crédito com essa fonte no primeiro semestre (R$ 14,9 bilhões), o aumento foi de 62%.

"MINHA CASA"
Já com recursos do FGTS (R$ 14,2 bilhões), o acréscimo atingiu 109%, com o impulso do Minha Casa, Minha Vida. O programa teve 543 mil contratos assinados até junho, pouco mais da metade da meta de 1 milhão de unidades, que deve ser batida até o final deste ano.
Até setembro, Hereda disse que a Caixa deve parar de contratar projetos de construtoras para famílias com renda de até R$ 1.395 por prever já ter alcançado a meta de 400 mil moradias. As propostas excedentes serão avaliadas no próximo ano.


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