São Paulo, sábado, 13 de agosto de 2011

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Crise reduz recursos a empresa iniciante

Turbulência nos mercados diminuiu apetite de investidores para apostar em negócios potenciais de tecnologia

Preocupação com escassez de capital disparou corrida das empresas pela busca de novos investimentos

DO "FINANCIAL TIMES"

A bolha dos negócios on-line que vinha crescendo no mundo do "venture capital" (investimento para empresas iniciantes) nos últimos 12 meses deve murchar depois da turbulência nos mercados financeiros, de acordo com investidores do Vale do Silício.
Ofertas iniciais de ações recentes como as de LinkedIn e RenRen geraram alertas de bolha, mas os sinais de superaquecimento eram mais agudos entre empresas de capital fechado, menos maduras e bancadas pelo setor de "venture capital".
A mais recente indicação está nos US$ 800 milhões que o Twitter levantou por meio de uma transação privada que elevou para US$ 8 bilhões o valor de mercado da empresa. Isso apesar da expectativa de faturamento de até US$ 150 milhões para 2011.
"Os acontecimentos das últimas duas ou três semanas puseram fim à fase de alta do ciclo e aceleraram o inevitável estouro da bolha e fase de contração", disse Sameer Gandhi, sócio da Accel Partners, de investimento em empresas iniciantes.
"Creio que o desmonte começará logo", disse um sócio de outra companhia de investimento do Vale do Silício. "Muita gente que planejava ingressar no clube do bilhão terá de aceitar uma queda considerável."
A emergência de um mercado mais ativo de ofertas públicas iniciais de ações do setor de tecnologia atraiu uma nova categoria de investidores para empresas fechadas com previsão de abrir capital em até dois anos.
Entre eles estão bancos como o Goldman Sachs e o JPMorgan, que investiram em nome de clientes e administradoras de fundos mútuos como a T Rowe Price.
Mas os preços das ações de empresas com ofertas públicas recentes estão caindo. As redes sociais Pandora Media e RenRen, por exemplo, já perderam 50% do valor de pico que atingiram.

SAÍDA
Investidores acreditam que pessoas atraídas pela perspectiva de retorno com empresas de tecnologia devam agora sair do mercado.
A preocupação quanto à possibilidade de que o aquecido mercado de "venture capital" dos últimos meses não dure já resultou em uma corrida para levantar capital.
As empresas estão tentando obter dinheiro enquanto ainda podem.
"O mercado está mais frio que há alguns meses", disse Matt McInnis, fundador da Inkling, uma empresa iniciante que produz software para livros didáticos digitais.
No mês passado, a companhia levantou US$ 17 milhões para empreendimentos, embora ainda não tivesse investido os recursos recebidos em uma rodada anterior de capitalização, no começo do ano.
"Estudamos o ambiente macro e o mercado de ações. Decidimos que seria uma boa ideia obter financiamento que permita que continuemos operando nos próximos anos."
Um investidor do Vale do Silício afirmou que sua empresa já vinha aconselhando há meses todas as companhias iniciantes de tecnologia em que tem participação a arrecadar mais recursos enquanto ainda podem.

TUMULTO
O tumulto em Wall Street terá resultados contraditórios para o setor de investimento para empresas iniciantes.
Executivos esperavam aproveitar o entusiasmo das Bolsas para abrir o capital de algumas das empresas mais desenvolvidas em que participam. No entanto, agora também será possível realizar novos investimentos a preços mais baixos.
"Isso definitivamente ajudará os investidores", disse Sudheer Kuppman, que comanda os investimentos da Intel Capital, divisão de "venture capital" da fabricante norte-americana de chips.
A avaliação do valor de empresas iniciantes de tecnologia em países como a Índia deve se sustentar melhor que a dos Estados Unidos, ele acrescentou, ainda que muitas delas optem por cotar suas ações em Bolsas norte-americanas ao abrir o capital, e por isso não ficariam completamente imunes.
Não importa quais sejam os ciclos do setor de investimento para empresas iniciantes, a perspectiva de prazo mais longo do setor de tecnologia, associada à revolução das redes sociais e aos aparelhos móveis, ainda está em estágio de crescimento, apontou Gandhi.
(RICHARD WATERS)

Tradução de PAULO MIGLIACCI



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