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música
Gravações inéditas de Johnny Alf surgem em CD
Material foi registrado em shows nos últimos 15 anos de vida do cantor
Projeto dedicado a Alf inclui mais dois álbuns, reunindo artistas como Joyce, Toquinho, Zé Renato e Wanderléa
MARCUS PRETO
DE SÃO PAULO
Em seus últimos 15 anos, o
cantor, compositor e pianista
Johnny Alf (1929 -2010) viveu
de dinheiro obtido em shows
intimistas, feitos sobretudo
em pequenos clubes de jazz e
no circuito paulista do Sesc.
Para público quase sempre restrito, Johnny fazia o
diabo. Recriava as próprias
canções, desconstruía repertório alheio, mostrava material inédito, promovia jam
sessions com convidados, de
Cauby Peixoto a Ed Motta.
Ao menos 20 dessas apresentações foram gravadas
em áudio, então sem maiores
pretensões, pelo empresário
do artista, Nelson Valencia.
O material está em fase de
tratamento e, ainda neste
ano, chega ao público dentro
de uma caixa, a ser lançada
pela gravadora Lua Music.
Sob os cuidados do produtor Thiago Marques Luiz (que
dirigiu álbuns recentes de
Wanderléa e do próprio
Cauby), o projeto inclui mais
dois discos. Um é dedicado
aos sucessos de Johnny. Outro, às canções obscuras.
Estão recrutados para o álbum de hits -se é que a palavra "hit" cabe a compositor
tão sofisticado- artistas que
compartilham do mesmo
universo artístico.
"Não tem nenhum gaiato
no disco", diz Thiago. "Só
convidamos gente que gostava dele, e de quem sabíamos
que ele também gostava."
Estão na lista Joyce (cantando "Fim de Semana em
Eldorado"), Toquinho ("Rapaz de Bem"), Leny Andrade
("O que É Amar"), Claudette
Soares ("Gesto Final"), Emílio Santiago ("Nós"), Zé Renato ("Céu e Mar") e Wanderléa ("Ilusão à Toa").
O álbum com os temas
desconhecidos de Johnny é
projeto pessoal de Alaíde
Costa -a intérprete predileta
do compositor, segundo o
próprio chegou a declarar.
Já totalmente gravado, o
disco dela inclui canções como "Escuta", "Como Dois Corações e meu Sonho" e "Tema da Cidade Longe".
Também está programado
para este ano o lançamento
de uma biografia de Johnny
Alf dentro da Série Aplauso,
da Imprensa Oficial.
O livro foi escrito pelo jornalista e pesquisador João
Carlos Rodrigues e se apoia
em entrevistas com músicos,
produtores e amigos do artista desde a adolescência,
além de um depoimento de
uma hora e meia colhido do
próprio Johnny.
Para Rodrigues, o mais importante a ressaltar é que,
apesar do final um tanto solitário, o artista não se encaixa
no hall dos "injustiçados".
"Tudo o que ele fez foi porque quis. Até 60 e poucos
anos, ele bebia muito, era
agressivo, faltava aos compromissos. Foi quase um Tim
Maia da bossa nova", compara Rodrigues. "Quando parou de beber, se tornou uma
pessoa muito fechada".
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