São Paulo, sexta-feira, 24 de outubro de 2008

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Ellen Lupton investiga as bases do design em livro

Designer norte-americana estuda os caminhos para voltar à complexidade que o desenho perdeu no pós-modernismo

Para Lupton, softwares como o Photoshop e o Illustrator ajudam a banalizar estilos e criar clichês que acabam por empobrecer o design


SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL

É verde o DNA do novo design. Não é a cor da moda, mas a idéia de que deve ser "biológica" a estrutura da novíssima linguagem visual. Também não quer dizer que tudo vai virar forma orgânica, mas que os códigos por trás dos desenhos devem servir de embrião para imagens tão arbitrárias quanto a disposição das moléculas.
No livro que lança agora no Brasil, "Novos Fundamentos do Design" (ed. Cosac Naify, 248 págs.; R$ 69), a designer norte-americana Ellen Lupton dá o ponto de partida dessas suas idéias sobre o futuro do desenho gráfico e industrial -a base para que se volte à complexidade que sumiu no chamado pós-modernismo.
Se a Bauhaus, no começo do século passado, e o estilo internacional que dali se espalhou buscavam uma linguagem universal -que mais tarde fracassou-, o período pós-moderno enxugou cores, formas e texturas, que ameaçam voltar agora.
"São idéias básicas da forma, que já existiam na Bauhaus, mas que agora buscam uma nova complexidade, camadas, texturas densas e imagens pesadas de informação", descreve Lupton em conversa com a Folha.
"Mas não é uma complexidade datada, são estruturas baseadas em princípios simples para se fazer algo complexo."

Vício estiloso
Autora também de "Pensar com Tipos" (ed. Cosac Naify, 184 págs.; R$ 59) e curadora de design do museu Cooper-Hewitt, nos Estados Unidos, Lupton tem esmiuçado, em seus livros, as bases do design. "É preciso ter uma compreensão básica e abstrata da imagem, não só saber como usar o software."
É no vício em programas como Photoshop e Illustrator, aliás, que Lupton vê a banalização de alguns estilos que tem empobrecido o design. "Vejo muita gente usando transparência e camadas, por exemplo, sem motivo algum", afirma ela. "Também fazem tudo se mexer ou brilhar, enchem de sombras, põem um monte de truques no lugar do desenho."
Isso porque com esses e outros programas ficou fácil manipular imagens e criar efeitos que antes exigiam muito mais tempo e talento dos designers. "O problema com o software é que transformou os grandes princípios do design em algo fácil de manipular", diz Lupton. "É importante pensar os efeitos como parte integrante do desenho, não só como estilo."
No livro, Lupton, aliás, não economiza no estilo para simplificar sua doutrina. No capítulo sobre o que é um ponto no design, escreve: "Um ponto pode ser uma manchinha insignificante ou um foco de força concentrada, pode penetrar como bala, furar como agulha e franzir-se como um beijo".
Se pontos dão beijos ou não depende da capacidade de abstração do leitor, mas é verdade que Lupton considera "sexy" muito do design que faz sucesso hoje em dia, como as criações de Karim Rashid.


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