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Ellen Lupton investiga as bases do design em livro
Designer norte-americana estuda os caminhos para voltar à complexidade que o desenho perdeu no pós-modernismo
Para Lupton, softwares como o Photoshop e o Illustrator ajudam a banalizar estilos e criar clichês que acabam por empobrecer o design
SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL
É verde o DNA do novo design. Não é a cor da moda, mas a
idéia de que deve ser "biológica" a estrutura da novíssima
linguagem visual. Também não
quer dizer que tudo vai virar
forma orgânica, mas que os códigos por trás dos desenhos devem servir de embrião para
imagens tão arbitrárias quanto
a disposição das moléculas.
No livro que lança agora no
Brasil, "Novos Fundamentos
do Design" (ed. Cosac Naify,
248 págs.; R$ 69), a designer
norte-americana Ellen Lupton
dá o ponto de partida dessas
suas idéias sobre o futuro do
desenho gráfico e industrial -a
base para que se volte à complexidade que sumiu no chamado pós-modernismo.
Se a Bauhaus, no começo do
século passado, e o estilo internacional que dali se espalhou
buscavam uma linguagem universal -que mais tarde fracassou-, o período pós-moderno
enxugou cores, formas e texturas, que ameaçam voltar agora.
"São idéias básicas da forma,
que já existiam na Bauhaus,
mas que agora buscam uma nova complexidade, camadas, texturas densas e imagens pesadas
de informação", descreve Lupton em conversa com a Folha.
"Mas não é uma complexidade
datada, são estruturas baseadas em princípios simples para
se fazer algo complexo."
Vício estiloso
Autora também de "Pensar
com Tipos" (ed. Cosac Naify,
184 págs.; R$ 59) e curadora de
design do museu Cooper-Hewitt, nos Estados Unidos, Lupton tem esmiuçado, em seus livros, as bases do design. "É preciso ter uma compreensão básica e abstrata da imagem, não só
saber como usar o software."
É no vício em programas como Photoshop e Illustrator,
aliás, que Lupton vê a banalização de alguns estilos que tem
empobrecido o design. "Vejo
muita gente usando transparência e camadas, por exemplo,
sem motivo algum", afirma ela.
"Também fazem tudo se mexer
ou brilhar, enchem de sombras,
põem um monte de truques no
lugar do desenho."
Isso porque com esses e outros programas ficou fácil manipular imagens e criar efeitos
que antes exigiam muito mais
tempo e talento dos designers.
"O problema com o software é
que transformou os grandes
princípios do design em algo fácil de manipular", diz Lupton.
"É importante pensar os efeitos
como parte integrante do desenho, não só como estilo."
No livro, Lupton, aliás, não
economiza no estilo para simplificar sua doutrina. No capítulo sobre o que é um ponto no
design, escreve: "Um ponto pode ser uma manchinha insignificante ou um foco de força
concentrada, pode penetrar como bala, furar como agulha e
franzir-se como um beijo".
Se pontos dão beijos ou não
depende da capacidade de abstração do leitor, mas é verdade
que Lupton considera "sexy"
muito do design que faz sucesso hoje em dia, como as criações de Karim Rashid.
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