São Paulo, quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Cartunista argentino lança livro

Aclamado pela crítica de seu país, Liniers conversa hoje com público em São Paulo sobre "Macanudo 1'

Série compila tirinhas publicadas desde 2002 no jornal argentino "La Nación'; macanudo é gíria para coisas boas, como "bacana"


ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES

Após um bate-papo e uma sessão rápida de fotos e autógrafos, o artista sai do salão escoltado por seguranças. Os fãs insistem, seguram, correm atrás, não deixam ele sair.
A cena um tanto batida para atores e cantores se repetiu há pouco tempo em Buenos Aires com o tímido cartunista argentino Ricardo Siri, 34, conhecido como Liniers, que ainda não entende como seus desenhos o transformaram em um artista pop. Foram parar em livros, capas de discos e pôsteres de cinema e o colocaram na lista de personalidades do ano da revista argentina "Gente".
Uma explicação curta e grossa foi dada por uma apresentadora de TV: Liniers transgride por meio da ternura. A transgressão através de pingüins, duendes e uma doce menininha será apresentada hoje aos brasileiros, com o lançamento de seu primeiro livro, "Macanudo 1", e com a presença de Liniers, em São Paulo.
Macanudo é a tirinha diária que Liniers publica há seis anos no jornal argentino "La Nación" e também uma antiga gíria para coisas positivas, como "supimpa" ou "bacana".
"Comecei a publicar a tirinha em 2002, em plena crise econômica argentina. Os jornais eram muito pessimistas. A idéia então era que, depois das notícias, "caem as Bolsas", "vamos invadir o Iraque", houvesse como uma minicarícia para o leitor", explica Liniers à Folha.

Coleção de personagens
O cartunista chegou ao "La Nación" por indicação da conterrânea Maitena e, com o caminho aberto por ela e por Quino, o pai de Mafalda, começou a publicar também no exterior.
"Maitena trata de um tema universal de maneira tão engraçada, que para mim era óbvio que funcionaria. Em qualquer lado, as mulheres estão loucas", argumenta. "Mas a minha tira é tão pessoal, que não imaginava funcionando bem nem aqui na Argentina. Por aí se vê que as pessoas são mais estranhas do que eu pensava."
Seus livros já foram publicados na Espanha, no Peru, na França e no Canadá. Liniers não se preocupa com possíveis perdas na tradução. "Em "Macanudo 1", por exemplo, há uma piada muito local e futebolística. Outras histórias são estranhas. Não sei o que os leitores podem entender. Mas vão tirar suas próprias conclusões. E, de repente, a piada fica melhor."
Liniers tem uma coleção de personagens, em que extravasa diferentes tipos de humor. A menina Enriqueta é uma Mafalda às avessas. Para o absurdo, usa os duendes. Para o humor negro, a azeitona.
Os quadrinhos brasileiros chegam a Liniers de uma forma especial. É que numa viagem à Antártida, a que foi convidado porque também desenha pingüins, conheceu o navegador Amyr Klink e sua mulher. "Marina Klink virou minha "dealer" de quadrinhos. Uma vez por ano, junta 800 recortes e me manda um envelope cheio de quadrinhos brasileiros."
Entre seus preferidos estão Adão Iturrusgarai, Angeli e Allan Sieber. E ele é fã, há anos, do gaúcho Fabio Zimbres.


MACANUDO 1
Editora: Zarabatana
Quanto: R$ 25, em média; 96 págs
Lançamento: livraria HQ Mix (pça. Roosevelt, 142, tel. 0/xx/11 3259.1528), com sessão de autógrafos entre 14h e 17h; FNAC (av. Pedroso de Morais, 858, tel. 0/xx/11 3579.2000), com bate-papo entre 19h e 20h30
Classificação: livre



Texto Anterior: Raio-X
Próximo Texto: Comentário: Humor poético marca tirinhas de Liniers
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.