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Cartunista argentino lança livro
Aclamado pela crítica de seu país, Liniers conversa hoje com público em São Paulo sobre "Macanudo 1'
Série compila tirinhas publicadas desde 2002 no jornal argentino "La Nación'; macanudo é gíria para coisas boas, como "bacana"
ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES
Após um bate-papo e uma
sessão rápida de fotos e autógrafos, o artista sai do salão escoltado por seguranças. Os fãs
insistem, seguram, correm
atrás, não deixam ele sair.
A cena um tanto batida para
atores e cantores se repetiu há
pouco tempo em Buenos Aires
com o tímido cartunista argentino Ricardo Siri, 34, conhecido
como Liniers, que ainda não
entende como seus desenhos o
transformaram em um artista
pop. Foram parar em livros, capas de discos e pôsteres de cinema e o colocaram na lista de
personalidades do ano da revista argentina "Gente".
Uma explicação curta e grossa foi dada por uma apresentadora de TV: Liniers transgride
por meio da ternura. A transgressão através de pingüins,
duendes e uma doce menininha será apresentada hoje aos
brasileiros, com o lançamento
de seu primeiro livro, "Macanudo 1", e com a presença de Liniers, em São Paulo.
Macanudo é a tirinha diária
que Liniers publica há seis anos
no jornal argentino "La Nación" e também uma antiga gíria para coisas positivas, como
"supimpa" ou "bacana".
"Comecei a publicar a tirinha
em 2002, em plena crise econômica argentina. Os jornais
eram muito pessimistas. A
idéia então era que, depois das
notícias, "caem as Bolsas", "vamos invadir o Iraque", houvesse
como uma minicarícia para o
leitor", explica Liniers à Folha.
Coleção de personagens
O cartunista chegou ao "La
Nación" por indicação da conterrânea Maitena e, com o caminho aberto por ela e por Quino, o pai de Mafalda, começou a
publicar também no exterior.
"Maitena trata de um tema
universal de maneira tão engraçada, que para mim era óbvio que funcionaria. Em qualquer lado, as mulheres estão
loucas", argumenta. "Mas a minha tira é tão pessoal, que não
imaginava funcionando bem
nem aqui na Argentina. Por aí
se vê que as pessoas são mais
estranhas do que eu pensava."
Seus livros já foram publicados na Espanha, no Peru, na
França e no Canadá. Liniers
não se preocupa com possíveis
perdas na tradução. "Em "Macanudo 1", por exemplo, há uma
piada muito local e futebolística. Outras histórias são estranhas. Não sei o que os leitores
podem entender. Mas vão tirar
suas próprias conclusões. E, de
repente, a piada fica melhor."
Liniers tem uma coleção de
personagens, em que extravasa
diferentes tipos de humor. A
menina Enriqueta é uma Mafalda às avessas. Para o absurdo, usa os duendes. Para o humor negro, a azeitona.
Os quadrinhos brasileiros
chegam a Liniers de uma forma
especial. É que numa viagem à
Antártida, a que foi convidado
porque também desenha pingüins, conheceu o navegador
Amyr Klink e sua mulher. "Marina Klink virou minha "dealer"
de quadrinhos. Uma vez por
ano, junta 800 recortes e me
manda um envelope cheio de
quadrinhos brasileiros."
Entre seus preferidos estão
Adão Iturrusgarai, Angeli e
Allan Sieber. E ele é fã, há anos,
do gaúcho Fabio Zimbres.
MACANUDO 1
Editora: Zarabatana
Quanto: R$ 25, em média; 96 págs
Lançamento: livraria HQ Mix (pça.
Roosevelt, 142, tel. 0/xx/11
3259.1528), com sessão de autógrafos
entre 14h e 17h; FNAC (av. Pedroso de
Morais, 858, tel. 0/xx/11 3579.2000),
com bate-papo entre 19h e 20h30
Classificação: livre
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