São Paulo, quinta-feira, 21 de abril de 2011

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CRÍTICA DRAMA

Longa busca se desfazer de romance que lhe deu origem

RICARDO CALIL
CRÍTICO DA FOLHA

Existem filmes que escancaram que sua origem é um livro, para melhor se libertar dela (para ficar em um exemplo próximo, "Lavoura Arcaica"). Há outros que traem para se manterem fieis (vamos dizer, "Cidade de Deus").
Mas há filmes que tentam disfarçar a origem sem sucesso. "Minha Versão do Amor" está nessa categoria.
Baseado em "A Versão de Barney", romance de 1997 do escritor canadense Mordecai Richler (1931-2001), o filme realiza com relativa competência aquela operação básica de transformar o pensamento em ação.
Mas certos elementos denunciam a transição do papel para a película. Em primeiro lugar, há diálogos que tentam chegar a um tom de coloquialidade, mas que ainda mantêm um polimento que contrasta com o naturalismo das interpretações.
Depois, existe a tentativa de abarrotar centenas de acontecimentos em duas horas . O motivo deve ser o temor de cortar algo essencial.
O resultado é que nenhum episódio consegue alcançar a devida carga emocional.
E não faltam sentimentos intensos na trajetória do protagonista Barney Panofsky (Paul Giamatti), um produtor de televisão cujas memórias são afetadas pelo avanço do mal de Alzheimer.
Ele se esforça para lembrar dos casamentos fracassados, da morte de um grande amigo, da relação com o pai (Dustin Hoffman). No livro, há um jogo entre o real e o delírio no relato de Panofsky.
No filme, o jogo se dilui. Mas há uma qualidade inegável na versão audiovisual: as excepcionais atuações de Giamatti e Hoffman, em especial nas cenas em que interagem.

A MINHA VERSÃO DO AMOR

DIREÇÃO Richard J. Lewis
PRODUÇÃO Canadá/Itália, 2010
COM Paul Giamatti, Rosamund Pike e Dustin Hoffman
ONDE nos cines Cidade Jardim Cinemark, Sabesp, Frei Caneca Unibanco Arteplex e circuito
CLASSIFICAÇÃO não informada
AVALIAÇÃO regular


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