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Crítica/ "A Guerra dos Rocha"
Comédia familiar se perde com humor frágil e constrangedor
Com elenco da Rede Globo, filme de Jorge Fernando conta história de idosa que se torna um estorvo para os filhos
SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA
Parente é serpente, já
lembrava a comédia de
Mario Monicelli lançada em 1992 -ótimo exemplo da
tradição de extrair humor de
diferenças familiares, especialmente forte no cinema italiano.
"A Guerra dos Rocha" se baseia
em matéria-prima equivalente,
a peça "Esperando la Carroza",
do uruguaio Jacobo Langsner,
que originou em 1985 filme do
argentino Alejandro Doria.
A roteirista Maria Carmem
Barbosa (com a colaboração de
Carol Castro) e o diretor Jorge
Fernando ambientaram no Rio
de Janeiro atual a história de
dona Dina (Ary Fontoura), viúva na faixa dos 80 anos que se
transformou em estorvo para
os três filhos -um músico (Lucio Mauro Filho), um advogado
(Marcello Antony) e um senador (Diogo Vilela).
Pressionados pelas mulheres
(Taís Araújo, Giulia Gam e Ludmila Dayer, respectivamente),
eles tentam se livrar do abacaxi
de ter a mãe morando em casa
-idéia que, de qualquer forma,
também não os entusiasma.
Enquanto os casais se engalfinham, o destino providencia
uma solução para o problema.
Pode-se gostar ou não desse
argumento, talvez considerá-lo
um pouco gasto demais, mas ao
menos ele proporcionava um
esqueleto para erguer uma comédia de costumes com a qual
o espectador pode se identificar rapidamente.
Talvez pelo apelo global do
elenco, o tema sugestivo e o
amplo lançamento, a produção
consiga atrair o público desejado para "A Guerra dos Rocha".
Registre-se que o cinema nacional continua em busca de
um sucesso de bilheteria desde
o êxito de "Meu Nome Não É
Johnny", no início deste ano.
Há um incontornável constrangimento, no entanto, diante do modo apressado com que
o filme parece ter vindo a público. Diálogos canhestros ajudam
a sublinhar a fragilidade de alguns atores no terreno do humor, em conjunto histérico que
sugere mirar em um espectador com baixíssimo nível de
exigência -um homem travestido aqui, uma piada grosseira
ali, e estamos conversados.
Ary Fontoura e Nicette Bruno (como uma amiga de dona
Dina) fazem o possível para não
sucumbir à mediocridade. Para
evitar o naufrágio, precisariam
fazer também o impossível.
A GUERRA DOS ROCHA
Produção: Brasil, 2008
Direção: Jorge Fernando
Com: Ary Fontoura, Marcello Antony, Taís Araújo, Nicete Bruno
Onde: em cartaz no cine Cidade Jardim/Sala Premier 2 e circuito
Classificação indicativa: não recomendado para menores de 12 anos
Avaliação: ruim
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