Dupla belga faz show hoje na The Week com músicas do novo CD "Jour de Chance'

Turnê no Brasil passa ainda por Belo Horizonte, no dia 15; Brasília, no dia 17; e Rio, onde tocam na filial carioca da The Week, dia 18

SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL

Danny Mommens aparece primeiro porque Els Pynoo ainda estava dormindo. Ele veste couro preto da cabeça aos pés, óculos escuros e tem os lábios cerrados, que mal deixam ver os dentes desarranjados dentro da boca vermelha. A primeira coisa que diz num fim de tarde chuvoso, ao receber a reportagem em São Paulo, é "bom dia".
Pynoo chega minutos depois e se desculpa por estar ainda meio "grogue". Conta que se deitou um segundo para descansar e "foi sugada pelo sono, como se estivesse em Marte". Juntos no Vive la Fête, dupla electropop belga, deixam ver que a festa da noite anterior valera a pena -durante a conversa, Pynoo bebe capirinha, com vodca, porque "cachaça é letal", e Mommens fica na cerveja.
Na segunda vinda ao Brasil, eles fazem show hoje na The Week, casa gay onde também tocaram em 2006. Poucos prestaram atenção na música, mas ninguém esquece o tutu pink que Pynoo vestiu no palco e sua coreografia epiléptica. Essa, aliás, é uma dupla que faz mais moda do que música, lembrando sua própria história, já que foram descobertos no começo desta década por Karl Lagerfeld, o estilista da Chanel, e começaram a tocar nos desfiles da grife.
"Foi bom para nós, mas também foi bom para ele", diz Pynoo sobre a parceria com o todo-poderoso da Chanel. "Antes de se envolver com a gente, ele só fazia vestidos para velhinhas", completa, mostrando o cachecol e casaquinho que ganhou de presente do estilista. Também quase novo é o que tocam no palco.
Entre a última vinda ao país e agora, lançaram um disco, "Jour de Chance", com mais do mesmo, o que é bom quando a idéia é só curtir, e uma pegada roqueira -as guitarras entraram porque "o Danny precisava fazer algo no palco, não podia ficar lá parado", nas palavras de Pynoo. E ele, de fato, faz mais.
Das novas músicas, "Quatsch", solo vocal dele, é a que mais empolga, com um ar industrial -ajuda a letra nonsense em alemão: em tradução livre, o título da música quer dizer algo como "bobagem". "A gente não tem medo de dizer que tudo é uma bobagem, até mesmo nossa música", diz Mommens.
O resto do disco é em francês, como quase tudo que o Vive la Fête gravou até hoje, embora mal consigam se expressar no idioma. É que Pynoo, que diz odiar o "fake" e que tirou as piores notas em francês no colégio, é apaixonada por Paris, Jane Birkin e Serge Gainsbourg.
"As pessoas aqui acham que a gente vem de Paris, mas a gente mora mesmo numa fazenda no interior da Bélgica. De Paris a gente só sai com a Air France."