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TELEVISÃO
Crítica
Longa faz visita incômoda ao correr do tempo
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
"Bossa Nova" (Canal Brasil,
18h30, livre) foi um filme que
causou muita decepção, em
parte por causa do título e da
época de lançamento.
Exibido no cinquentenário
do movimento, o que parecia
prometer era a história real de
seu surgimento. Em vez disso,
Walter Lima Jr. optou por trabalhar sobre o grupo de amigos
músicos (além de um cineasta)
do Rio que vão tentar a sorte
em Nova York.
Eis o que há de melancólico
no filme: em vez de oferecer
uma confortável volta no tempo, promove uma incômoda visita ao tempo, ao correr do
tempo, ao que ele pode ter de
implacável ao se contrapor a
sonhos pessoais ou nacionais.
"Bossa Nova" é um filme que
sofre por não aceitar a facilidade das coisas. E sofre, também,
por aceitar uma delas: em um
filme que escapa de todas as armadilhas que a política costuma propor, o desaparecimento
de um personagem por razões
políticas soa um tanto arbitrária -não em relação à realidade da época, mas à construção
dramática da obra.
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