São Paulo, segunda-feira, 04 de julho de 2011

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O mundo da mulher aranha

Maior exposição de Louise Bourgeois já realizada no Brasil, no Instituto Tomie Ohtake , revela como a psicanálise transformou a carreira da artista francesa

Fotos Louise Bourgeois Trust/Divulgação
Obra "Couple IV", de 1997, da artista Louise Bourgeois

FABIO CYPRIANO
DE SÃO PAULO

"Arte é uma forma de sanidade" está escrito em uma das 112 obras que compõem a mostra "Louise Bourgeois: o Retorno do Desejo Reprimido", a maior já dedicada à artista no país.
Por meio de desenhos, objetos, pinturas, esculturas e instalações, concebidas por Bourgeois (1911-2010), entre 1942 e 2009, o curador Philip Larratt-Smith traça um perfil da obra da artista em sua relação com a psicanálise.
A tese central da mostra é como "seu afastamento do mundo da arte e imersão na análise resultaram em um completo novo corpo de trabalhos, no início dos 1960", escreveu o curador à Folha.
A exposição, no Instituto Tomie Ohtake, será inaugurada na próxima quinta.
Três voos cargueiros trouxeram as obras da Argentina, onde a exposição começou.
As obras seguem depois para o Museu de Arte Moderna do Rio. Na capital argentina e no Rio, a mostra apresenta "Mamam", a imensa aranha que Bourgeois exibiu na Tate Modern (Londres), em 2000, mas que não coube na parada paulista.
Bourgeois é uma das artistas centrais no século 20, ao vincular sua biografia como inspiração para sua arte.
Em 1982, quando fez sua retrospectiva no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), ela divulgou uma espécie de manifesto intitulado "Abuso Infantil".
Ele revelava a relação de seu pai com sua tutora, enquanto sua mãe convalescia. O caso inspirou a instalação "A Destruição do Pai" (1974).
Larratt-Smith conviveu com Bourgeois nos últimos nove anos de sua vida, trabalhando como seu arquivista. O cerne da mostra são os escritos descobertos em dois momentos, 2004 e 2010, por Jerry Gorovoy, assistente de Bourgeois por muito tempo.
Os textos, realizados enquanto ela estava passando por sua mais intensa fase de análise, de 1952 a 1967, consistem em sonhos recordados, notas e relatos.
"Os escritos vão recalibrar radicalmente nossa compreensão da obra de Bourgeois e da importância da psicanálise como um campo de exploração para sua arte e vida", diz Larratt-Smith.
Uma seleção de fac-símiles dos textos originais será apresentada, e o segundo volume do catálogo reunirá 92 textos comentados.
Sendo que a própria artista indicou a importância de sua vida para a hermenêutica de sua obra, não há, para o curador, um problema em revelar diários tão íntimos.
Ele diz que os textos irão demonstrar que "sua real situação psicológica era muito mais complexa e suas atitudes para com seus pais mais ambivalentes".



LOUISE BOURGEOIS
QUANDO abertura no dia 7, às 20h (para convidados); de ter. a dom., das 11h às 20h; até 28/8
ONDE Instituto Tomie Ohtake (av. Faria Lima, 201; tel.0/xx/11/ 2245-1900)
QUANTO grátis
CLASSIFICAÇÃO livre



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