São Paulo, sexta-feira, 04 de abril de 2008

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"Triste Fim..." é o próximo volume da "Coleção Folha"

Livro do escritor Lima Barreto, "Triste Fim de Policarpo Quaresma" estará à venda nas bancas no próximo domingo

Obra narra a história do nacionalista Quaresma, cujo objetivo é transformar a agricultura, a cultura e a política brasileira

DA REPORTAGEM LOCAL

Principal romance do escritor Lima Barreto (1881-1922), "Triste Fim de Policarpo Quaresma", oitavo volume da "Coleção Folha Grandes Escritores", é uma crítica virulenta aos costumes da pequena burguesia, aos burocratas empedernidos, à hipocrisia da ideologia oficial e à oligarquia que se sagrou no poder durante a República Velha.
As mazelas da sociedade brasileira são entrevistas por meio da história do major Quaresma, que, munido de convicções nacionalistas, procura reformar a cultura, a agricultura e a política. Equivocado em vários pontos, cego às nuances da máquina estatal, o personagem não percebe o trágico desenlace que se arma contra suas sinceras reivindicações.
Por suas atitudes sonhadoras, Quaresma é comparado a Dom Quixote, herói de Miguel de Cervantes. Como observou o crítico Oliveira Sobrinho: "Ambos são otimistas incuráveis, porque acreditam que os males sociais e sofrimentos humanos podem ser curados pela mais simples e ao mesmo tempo mais difícil das terapêuticas, que é a aplicação da justiça da qual um e outro se arvoraram paladinos".
Dividido em três partes, o romance acompanha a trajetória do protagonista como funcionário público, sua malograda tentativa de tornar-se proprietário rural (derrotada pelas saúvas) e sua participação no episódio da Revolta da Armada, na condição de defensor do presidente, o marechal Floriano Peixoto.
De origem humilde, Lima Barreto foi pequeno funcionário e jornalista. Publicou artigos e ficção em jornais, inclusive "Triste Fim..." (lançado em folhetins, no "Jornal do Commercio", em 1911; o volume em livro sairia quatro anos depois). Nem o autor obteve sucesso, nem sua voz, o crédito merecido na conservadora sociedade do início do século 20.
Dado a crises de depressão, alcoólatra, Barreto internou-se duas vezes no Hospício Nacional. Morreu de colapso cardíaco, com apenas 41 anos. Tradicionalmente associado ao período literário do pré-modernismo, o autor procura plasmar a realidade por meio de uma prosa mais espontânea, afim à crônica. É, nesse aspecto, precursor de escritores modernos como Marques Rebelo e Erico Verissimo.


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