São Paulo, segunda-feira, 11 de maio de 2009

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esporte

Bolas da vez

Saiba como é a preparação dos jovens candidatos a ídolo do futebol brasileiro

DA REPORTAGEM LOCAL

O Campeonato Brasileiro deste ano promete ser marcado pela volta de dois dos principais artilheiros do país, Ronaldo e Adriano. Ao lado deles, estreia uma safra de jovens talentos loucos para balançar as redes e roubar a cena dos veteranos.
Gente como Neymar, a sensação do Santos, que, com apenas 17 anos, já tem sido comparado a Robinho e a Pelé, dois craques revelados no time.
"Ser comparado a eles é uma honra", diz o garoto à Folha, assegurando não estar nervoso com a estreia no maior campeonato do país. "É importante pra caramba, mas estou sossegado", diz Neymar.
Segundo outro estreante, o meia Wallyson, 20, do Atlético Paranaense, essa calma é fundamental para se destacar.
"Quem quer ser jogador tem que se acostumar com a pressão da torcida, porque ela vai sempre cobrar", diz.
Para o psicólogo do futebol do Flamengo, Paulo Ribeiro, a tranquilidade dos dois é consequência de anos de preparação nas divisões de base.
"Eles chegam às categorias profissionais prontos para isso, porque em clubes de grande apelo popular a pressão é enorme, então eles têm que lidar com cobrança e aprender a ganhar e a perder. Isso exige que eles se formem como atletas e como homens também", diz.

Nada de moleza
Lidar com a pressão da mídia e da torcida é só mais uma das dificuldades que esses jovens têm que enfrentar antes de entrar em campo por um time da primeira divisão do Brasileirão.
Outra dureza é a saudade da família e do conforto do lar, já que a maioria deles começa a competir muito jovem e, muitas vezes, sai cedo de casa para tentar o sucesso em um clube de outra cidade.
Foi assim com Bernardo, 19, jovem destaque do Cruzeiro, que saiu aos 12 anos de Sorocaba, no interior de São Paulo, para morar em Belo Horizonte no alojamento das categorias de base do clube mineiro.
"Via meus pais umas três vezes por ano. Só está dando certo porque, mesmo de longe, minha família sempre apoiou", diz Bernardo, que é atacante.
Outro fator importante para o sucesso é lidar com o estresse da concorrência. "Um grande clube tira, de uma peneira de 300 jogadores das divisões de base, dois ou três atletas para o profissional", diz Paulo Ribeiro, do Flamengo.
E, nisso, esses garotos já são vencedores, depois de superar centenas de colegas nas divisões de base.
"Tem de ter o dom, mas tem de ter muita brincadeira com bola, desde novo. E saber jogar sério quando chega a hora. Agora, para mim é tudo sério", diz Bernardo.

Aos vencedores, a glória
O que acontece com quem chega lá, a gente já sabe: vai jogar no exterior, ganha muito dinheiro, fica famoso, ganha mais dinheiro, vive cercado de mulheres (ou de confusões), ganha mais dinheiro...
O caminho começa por um bom desempenho no Brasileirão. O hoje consagrado Ronaldo apareceu para o Brasil pela primeira vez na edição de 1993. Com apenas 16 anos, anotou 12 gols em 14 jogos. Esse soube aproveitar a vitrine.
Um bom Brasileirão também pode ser o melhor caminho para a seleção brasileira. Além da Copa de 2010, nesse ano tem o Mundial Sub-20. Nas fichas desta matéria destacamos alguns jovens que têm tudo para mandar bem neste campeonato e chegar lá. Será que eles conseguem? Façam suas apostas. (TARSO ARAUJO)

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