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esporte
Bolas da vez
Saiba como é a preparação dos jovens
candidatos a ídolo do futebol brasileiro
DA REPORTAGEM LOCAL
O Campeonato Brasileiro deste ano promete ser marcado
pela volta de dois
dos principais artilheiros do país, Ronaldo e
Adriano. Ao lado deles, estreia
uma safra de jovens talentos
loucos para balançar as redes e
roubar a cena dos veteranos.
Gente como Neymar, a sensação do Santos, que, com apenas 17 anos, já tem sido comparado a Robinho e a Pelé, dois
craques revelados no time.
"Ser comparado a eles é uma
honra", diz o garoto à Folha,
assegurando não estar nervoso
com a estreia no maior campeonato do país. "É importante
pra caramba, mas estou sossegado", diz Neymar.
Segundo outro estreante, o
meia Wallyson, 20, do Atlético
Paranaense, essa calma é fundamental para se destacar.
"Quem quer ser jogador tem
que se acostumar com a pressão da torcida, porque ela vai
sempre cobrar", diz.
Para o psicólogo do futebol
do Flamengo, Paulo Ribeiro, a
tranquilidade dos dois é consequência de anos de preparação
nas divisões de base.
"Eles chegam às categorias
profissionais prontos para isso,
porque em clubes de grande
apelo popular a pressão é enorme, então eles têm que lidar
com cobrança e aprender a ganhar e a perder. Isso exige que
eles se formem como atletas e
como homens também", diz.
Nada de moleza
Lidar com a pressão da mídia
e da torcida é só mais uma das
dificuldades que esses jovens
têm que enfrentar antes de entrar em campo por um time da
primeira divisão do Brasileirão.
Outra dureza é a saudade da
família e do conforto do lar, já
que a maioria deles começa a
competir muito jovem e, muitas vezes, sai cedo de casa para
tentar o sucesso em um clube
de outra cidade.
Foi assim com Bernardo, 19,
jovem destaque do Cruzeiro,
que saiu aos 12 anos de Sorocaba, no interior de São Paulo, para morar em Belo Horizonte no
alojamento das categorias de
base do clube mineiro.
"Via meus pais umas três vezes por ano. Só está dando certo
porque, mesmo de longe, minha família sempre apoiou", diz
Bernardo, que é atacante.
Outro fator importante para
o sucesso é lidar com o estresse
da concorrência. "Um grande
clube tira, de uma peneira de
300 jogadores das divisões de
base, dois ou três atletas para o
profissional", diz Paulo Ribeiro, do Flamengo.
E, nisso, esses garotos já são
vencedores, depois de superar
centenas de colegas nas divisões de base.
"Tem de ter o dom, mas tem
de ter muita brincadeira com
bola, desde novo. E saber jogar
sério quando chega a hora. Agora, para mim é tudo sério", diz
Bernardo.
Aos vencedores, a glória
O que acontece com quem
chega lá, a gente já sabe: vai jogar no exterior, ganha muito dinheiro, fica famoso, ganha mais
dinheiro, vive cercado de mulheres (ou de confusões), ganha
mais dinheiro...
O caminho começa por um
bom desempenho no Brasileirão. O hoje consagrado Ronaldo apareceu para o Brasil pela
primeira vez na edição de 1993.
Com apenas 16 anos, anotou 12
gols em 14 jogos. Esse soube
aproveitar a vitrine.
Um bom Brasileirão também
pode ser o melhor caminho para a seleção brasileira. Além da
Copa de 2010, nesse ano tem o
Mundial Sub-20. Nas fichas
desta matéria destacamos alguns jovens que têm tudo para
mandar bem neste campeonato e chegar lá. Será que eles
conseguem? Façam suas apostas.
(TARSO ARAUJO)
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