Atacante afirma em entrevista que não quer mais jogar em Madri; em resposta, Real diz que não segura insatisfeitos

Brasileiro alega querer ir ao futebol inglês para se tornar o melhor jogador do mundo, realização que "no Real Madrid não será possível"

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A MADRI

O fastio evidente de Robson de Souza, o Robinho, com o Real Madrid, e do clube com o atleta, viveu ontem cenas explícitas: o jogador deu entrevista pedindo para sair; o clube soltou comunicado avisando que não mantém "nunca" jogadores contra a vontade, "razão pela qual não terá mais remédio que não o de aceitar a rescisão unilateral do contrato, se essa for a vontade do futebolista".
Traduzindo: Robinho sai, mas terá que pagar a multa rescisória, que é de 150 milhões (cerca de R$ 360 milhões).
Falta saber se o Chelsea, o clube no qual Robinho declarou querer jogar, vai pagar tudo o que o Real Madrid pedirá. A mídia espanhola fala em 40 milhões de euros, como pedido, e em 37 milhões como oferta do Chelsea.
Quem expôs primeiro o fastio foi Robinho, em entrevista concedida à agência de notícias EFE: "Ficar no Real Madrid não é meu objetivo para a próxima temporada. Respeito muito o clube, os jogadores e principalmente a torcida, que sempre me tratou bem, mas tenho uma proposta boa para mim e para o clube", afirmou.
Robinho jurou que não é o dinheiro que o motiva, mas o desejo de "ser o melhor jogador do mundo, e no Real Madrid isso não será possível. Então, tenho o objetivo de jogar a próxima temporada na Liga inglesa".
Não explicou -nem lhe perguntaram -porque jogar na Inglaterra torna mais fácil ser o melhor do mundo, quando nenhum dos brasileiros que ganharam esse título (Romário, Rivaldo, Ronaldo, Ronaldinho, Kaká) atuavam na Inglaterra.
Robinho negou problemas com o treinador, o alemão Bernd Schuster, e com os companheiros. "Me parece um treinador excelente, com quem nunca tive um problema. Não tenho nada de ruim a dizer dos jogadores nem do treinador."
Negou também que tivesse, inicialmente, se recusado a jogar contra o Valencia, no domingo passado, na partida de ida da Supercopa espanhola (Valencia, 3 a 2). "Não disse ao treinador que não queria jogar, mas que queria resolver a situação o mais rápido possível".
O fato é que Robinho jogou o primeiro tempo, foi um total fiasco, substituído no intervalo pelo holandês Robben, que, na primeira bola que recebeu fez o que a torcida espera de Robinho: driblou, ziguezagueou, cruzou e Van Nilsterooy marcou o segundo do Real.
Talvez por essa ausência, o torcedor do Real Madrid votou maciçamente pela saída de Robinho, em enquete do diário esportivo "Ás" na Internet: 86% querem que se vá contra 14% que preferem que fique.


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