São Paulo, segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

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clássico?

Pancadaria encerra jogo no Morumbi

Após semana de rusgas, São Paulo e Corinthians têm futebol violento, empate e dezenas de feridos nas arquibancadas

Confusão entre a torcida corintiana e a polícia deixa mais de 30 machucados e escancara a fragilidade da segurança nos estádios

Reginaldo Castro/Lancepress
Torcedor corintiano é atendido por policial militar durante a confusão ocorrida após o clássico e que deixou dezenas de feridos, ontem, na arquibancada do Morumbi

EDUARDO ARRUDA
RODRIGO MATTOS

DA REPORTAGEM LOCAL

Terminou em pancadaria o clássico entre São Paulo e Corinthians, ontem, no Morumbi. Como uma tragédia anunciada, após uma semana marcada pela troca de ofensas entre dirigentes dos clubes, um confronto entre torcedores corintianos e a Polícia Militar depois do fim do jogo deixou dezenas de feridos -não há número oficial.
A maioria sofreu fraturas, disseram enfermeiros do posto médico do estádio, que atenderam a pelo menos 31 pessoas. Mas várias outras -sem número definido- foram direto da arquibancada para hospitais.
Ainda segundo esses enfermeiros, nenhum torcedor sofre risco de morte. De acordo com a PM, a confusão foi provocada por bomba arremessada contra os torcedores do Corinthians.
Fato é que os cerca de 4.000 corintianos estavam confinados em espaço reduzido, após muros criados pela diretoria são-paulina para isolá-los.
Na última semana, o clube do Morumbi anunciara que apenas 10% dos ingressos seriam dados à torcida adversária. Muros e divisórias improvisadas foram levantados para separar as torcidas dentro do estádio.
A diretoria corintiana reagiu com diversos ataques, acusando os rivais de arrogantes. As trocas de farpas prosseguiram até a véspera do jogo.
Anteontem, após ser reeleito presidente do Corinthians, Andres Sanchez afirmou, pressionado por um protesto de torcedores no Parque São Jorge contra a carga de ingressos para o clássico, que o clube jogaria pela última vez no Morumbi.
Disse ainda que a atitude transformou o São Paulo em "inimigo" corintiano e fez um apelo carregado de sentimentalismo a seus atletas.
"Só aqui no Corinthians se morre pela vitória", disse o cartola, que ontem acompanhou a partida do vestiário de visitantes do Morumbi, pela TV.
O resultado dessa animosidade, tanto nas arquibancadas como no campo, tornou-se previsível logo no apito inicial.
O que se viu foi um jogo violento, com três expulsões, dez cartões amarelos e 1 a 1 no placar, gols de Borges e André Santos. E jogadores nervosos, principalmente os do Corinthians.
Foram entradas violentas e agressões como a de Túlio sobre André Dias ou as de André Santos e Wagner Diniz que resultaram em cartões vermelhos para os três atletas.
O técnico são-paulino, Muricy Ramalho, definiu o clima em campo. "É sempre assim. Os caras põem pilha demais", afirmou ele, que escalou um time repleto de reservas.
"É difícil controlar os nervos com um time como o Corinthians. Eles só queriam tentar tirar jogador da gente", reclamou o zagueiro são-paulino Rodrigo, acusado pelos corintianos de ser violento em pelo menos duas entradas no atacante Jorge Henrique.
O goleiro Felipe e seus companheiros encontraram outro vilão, além dos são-paulinos.
"O juiz amarelou nosso time inteiro e todo mundo chegou junto, forte. Não sei se foi má intenção dele", disse o goleiro.
Na tabela do torneio, os corintianos seguem na vice-liderança, com 18 pontos, um a mais que o rival, o terceiro. Ambos avançariam -e seriam rivais- às semifinais do Paulista. Não era o que transparecia no clima do Morumbi.


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