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Brilho do patriarca ofuscou mulher e filho mais velho
Colaboração para a Folha
O brilho de Einstein levou a resultados paradoxais. Enquanto
iluminou aqueles que às vezes,
por mero oportunismo, se aproximavam dele, criou uma penumbra sobre sua mulher e seus filhos.
Sobre sua primeira mulher, Mileva Maric (lê-se "Márity"), talvez
tenha recaído o peso maior da "sina" de ser uma Einstein. Ela nasceu em 1875 em Titel, no então
Império Austro-Húngaro. Além
da língua sérvia, dominava o alemão, o francês, o húngaro e o inglês. Estudou piano e teoria musical. Na escola, era excelente aluna.
Suas habilidades em matemática
e física eram excepcionais.
Em 1894, foi para um seleto colégio de meninas em Zurique.
Dois anos depois, passou brevemente por medicina, antes de optar pelo curso de formação de
professores de física e matemática
da Escola Politécnica de Zurique,
onde conheceu Einstein. Era a
única mulher de uma turma de
cinco. Algumas de suas notas foram melhores que as de Einstein.
Nos exames finais, Mileva, paradoxalmente, repetiu em matemática. Um ano depois, tentou de
novo, mas falhou. Mas, agora, havia uma boa explicação: estava
grávida de Lieserl, filha que nasceu em 27 de janeiro de 1902, antes do casamento formal (1903), e
cujo destino se desconhece (supõe-se que a menina tenha sido
colocada para adoção).
Mileva e Einstein certamente
discutiam física. Porém, o fato de
Mileva não ter sido a "autora injustiçada" da relatividade -como foi defendido mais de uma
vez- não tira em nada seu mérito. O físico e historiador da ciência Dord Krstic afirma que ela foi
uma das primeiras mulheres do
Império Austro-Húngaro a conseguir autorização para assistir a
aulas de física numa classe só de
meninos. Vai além: defende que,
assim como Marie Curie (1867-1934), Mileva foi uma das primeiras mulheres físicas da história.
Nascido em 1904, Hans Albert
formou-se em 1927 em engenharia civil pela Escola Politécnica de
Zurique e obteve seu doutorado
em hidráulica em 1936 (desde
criança, água era sua grande paixão). Diferentemente da mãe,
Hans Albert recebeu o devido reconhecimento pelo alcance de sua
obra. É considerado um dos
maiores especialistas do século
passado em transportes de sedimentos em rios e canais.
Morreu do coração aos 69 anos.
Em seu túmulo, lê-se: "Uma vida
dedicada a seus estudantes, à pesquisa, à natureza e à música". Excluída a palavra "estudantes", poderia ser a lápide de seu pai.
Eduard, filho mais novo, foi um
aluno excepcional. Aprendeu a ler
aos três anos e aos nove devorava
livros em quantidades assustadoras. Tinha memória fotográfica, o
que o permitia repetir praticamente tudo o que lia. Essa atividade mental alucinada fez com Einstein tentasse frear esse ímpeto.
Ganhou conhecimento profundo sobre autores como Kafka,
Shakespeare, Goethe, Schiller e
especialmente Rilke. E, em 1931,
alguns de seus escritos foram publicados. Nascido em 1910, reclamou de dores de cabeça e zumbido nos ouvidos desde cedo.
No final da adolescência, seu
distúrbio mental se tornou sério.
Entrou para a faculdade de medicina, mas a abandonou no terceiro semestre (ia às aulas acompanhado de um enfermeiro). Passou
parte da vida internado. Morreu
num hospital psiquiátrico, em
1965, na Suíça. O pai o visitou pela
última vez em 1933. Escreveu-lhe
a última carta em 1944.
(CÁSSIO LEITE VIEIRA)
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