COM REGULAÇÃO
A conferência da Datagro sobre açúcar e álcool, realizada ontem em São Paulo, viveu dois momentos distintos. De manhã, vários presidentes de sindicatos da indústria discutiram os principais problemas. Um dos itens apontados foi a ausência do governo no setor.

SEM REGULAÇÃO
À tarde, em um descontraído encontro de três ex-ministros -Antonio Delfim Netto e Antonio Palocci Filho, da Fazenda, e Shigeaki Ueki, de Minas e Energia-, a análise foi que o governo deve ficar longe do setor. A única voz um pouco discordante foi a de Ueki.

MAIOR PROBLEMA
Para Delfim, "o maior problema do álcool será o governo pôr as mãos nele". Já Palocci diz que o "o governo deve se distanciar", com participação apenas restrita em regras de zoneamento e contratos de trabalho, itens que podem criar problemas ao produto lá fora.

RISCO ENERGÉTICO
Os ex-ministros concordam que o país corre risco de apagão. Mas isso pode ser evitado, inclusive com a utilização da biomassa, afirma Palocci. "Que falta que você faz no governo", diz Delfim, referindo-se a Palocci. Para Ueki, o país precisa aproveitar essa oportunidade já. Delfim diz que "a única coisa que pode atrapalhar o Lula é o governo Lula".

ANÁLISE MACRO
Para Delfim, existem dois limites ao crescimento no mundo: conta corrente e falta de energia. Mas, sobre previsões futuras, foi logo avisando: "Não me peçam para prever o futuro. Afinal, o [Pedro] Malan [ex-ministro da Fazenda] descobriu que até o passado é duvidoso". "O futuro é opaco", diz.

"TALK SHOW"
Depois de tantas intervenções de Delfim nas falas de Ueki e de Palocci, este disse que haviam combinado em fazer um "talk show". Ele [Palocci] ficava com o "talk", e o Delfim, com o "show". Imediatamente Delfim acrescentou: "Estou cumprindo minha missão".

SUÍNO
A arroba de suíno recuou ontem para R$ 47,75, em média, com queda de 1%. A recente alta nos preços da carne suína provocou uma redução nas vendas, segundo o mercado.

ALCOODUTO
Empresários do setor de álcool de Paraná e Mato Grosso do Sul iniciam na próxima semana conversas para a montagem de um alcooduto feito pelos dois Estados. Além do investimento privado, o empreendimento deverá ter participação dos dois governos estaduais.

LOGÍSTICA
Se for confirmada a aceleração de produção de açúcar nos Estados que estão entrando na atividade, o setor terá sérios problemas de infra-estrutura. A construção de alcoodutos ainda está distante e a ausência de estradas de rodagem e de ferro pode gerar um gargalo no escoamento, afirmaram produtores ontem em São Paulo.

CAMINHO EXTERNO
A CanaVialis, que desenvolve variedades mais produtivas de cana-de-açúcar, está levando o seu know-how para a Califórnia (EUA) e Angola. Fernando Reinach, diretor-executivo da Votorantim Novos Negócios, disse à Reuters que a empresa começa a se globalizar.


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