São Paulo, quarta-feira, 24 de outubro de 2007

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Bovespa eleva preço para estréia de ações

Procura acima do esperado faz Bolsa aumentar faixa prevista para o preço inicial de seus papéis; lançamento será na sexta

Profissionais do mercado estimam que a demanda pelas ações da Bovespa possa ter superado a oferta em até dez vezes

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A procura muito acima do esperado levou a Bovespa a elevar a faixa prevista para o preço inicial de suas ações. Com isso, o pequeno investidor pode acabar comprando menos ações com o dinheiro que reservou para participar da operação de lançamento dos papéis da Bolsa em pregão.
Para tentar minimizar o impacto da decisão, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) exigiu que a Bolsa divulgasse as informações ao mercado e permitisse que, até hoje, o pequeno investidor que já fez reserva desista da oferta. Quem não quiser desistir pode também alterar até hoje, para mais ou menos, o montante reservado.
A faixa anteriormente prevista para o preço de lançamento das ações da Bovespa Holding ia de R$ 15,50 a R$ 18,50. O novo intervalo oscila entre R$ 20,00 e R$ 23,00.
O que incomodou o mercado foi o fato de muitos investidores institucionais (como fundos de pensão e de investimento, além de grandes aplicadores) começarem a saber antes que haveria mudança na faixa de preço. Chegou-se a falar em vazamento de informações.
Mas, para Carlos Alberto Rebello Sobrinho, superintendente de registros da CVM, dizer que houve vazamento "é um pouco exagerado". "O que houve foi uma assimetria de informações entre os investidores. Por isso tínhamos que permitir que o investidor pessoa física tivesse a oportunidade de rever sua sua decisão", diz Rebello Sobrinho.
A Bovespa não quis se pronunciar sobre o caso.
O dia de estréia dos papéis da Bovespa Holding foi mantido para o pregão de sexta, dia 26.
Outra mudança que a elevada procura pelas ações da Bolsa que vão estrear desencadeou foi a proibição de pessoas vinculadas às instituições que fazem parte da operação de participarem do IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês).
Profissionais do mercado estimam que a demanda pelas ações da Bovespa possa ter superado a oferta em até dez vezes. Calcula-se que a operação movimente, incluindo o lote suplementar previsto, mais de R$ 5,5 bilhões, sendo o maior IPO já realizado no país.
Como a Bovespa Holding passará a integrar a lista de companhias negociáveis no pregão da Bolsa de Valores de São Paulo, o investidor que ficar de fora da operação de lançamento e futuramente se interessar pelos papéis poderá comprá-los normalmente, como pode fazer com qualquer outra ação.
Sobre a abertura de capital da Bovespa, o economista Jason Vieira, da UpTrend Consultoria, diz que "ainda não se tem uma idéia precisa de como e com que fôlego a nova empresa irá gerar resultados".
Ontem, a CVM divulgou sua instrução 461, que tem a finalidade de disciplinar os mercados de valores mobiliários, regulamentando sua organização e funcionamento.
Uma das decisões foi estabelecer o teto de 15% para a participação que um investidor poderá ter no capital da Bovespa ou da BM&F. Acima disso, apenas com autorização da CVM. Também passou a ser contemplada a possibilidade de Bolsas estrangeiras colocarem telas de negociação de seus ativos no país. Além disso, houve a regulamentação do mecanismo de ressarcimento de prejuízos, com teto de R$ 60 mil por investidor, destinado a pessoas que se sentirem prejudicadas por ações decorrentes ou omissão das pessoas autorizadas a operar no mercado.


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