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Pregão de intensa oscilação abre oportunidades de ganho
Investidor consegue lucrar ao comprar e vender ação no mesmo dia, mas tática é arriscada
Ação da Vale variou 42,2% entre o preço mínimo e o máximo negociados na semana; papel da Petrobras teve diferença de 37,4%
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Poucas vezes a Bolsa de Valores de São Paulo atravessou um
período de tão intensas oscilações. Tem sido normal a Bovespa alternar-se várias vezes durante o pregão entre o terreno
positivo e o negativo. Se por um
lado o mercado acionário se
tornou muito mais arriscado,
por outro surgiram mais chances de lucrar, devido ao constante sobe-e-desce diária.
Um exemplo é a ação preferencial da Petrobras, que encerrou a semana passada com
baixa acumulada de 4,2%, vendida a R$ 22,99. Porém, entre o
preço mínimo que alcançou na
semana durante as operações
(R$ 21,11) e o máximo (R$
29,00) houve uma diferença
muito expressiva, de 37,4%.
É claro que dificilmente alguém consegue acertar comprar uma ação por sua cotação
mínima e vendê-la pela máxima. Mas o caso da Petrobras
ilustra o quanto os papéis estão
oscilando bruscamente nos últimos dias, abrindo oportunidades de ganhos.
A ação preferencial "A" da
Vale teve uma variação de preço ainda mais elevada que a da
Petrobras. O papel encerrou a
semana com baixa acumulada
de 1,95%. Se forem consideradas suas cotações mínima e
máxima no período, a diferença
alcançou 42,2%.
Adquirir um papel em seu piso e vendê-lo em seu teto pode
significar lucros elevados, mas
o inverso também pode ocorrer. Ainda considerando a ação
preferencial da Petrobras,
quem, hipoteticamente, tivesse
comprado a ação na máxima e
vendido na mínima teria perdido 27,2%.
Mas analistas financeiros
alertam que fazer operações de
"day-trade" -como são chamadas as operações de compra e
venda no mesmo dia- é muito
mais arriscado, pois acertar a
hora correta de comprar e a de
vender um ativo é complicado
mesmo para quem acompanha
o mercado de perto.
Mauro Halfeld, consultor financeiro e professor da Universidade Federal do Paraná, diz
que aplicar em "Bolsa é sempre
difícil" e que é complicado buscar o mercado acionário com o
objetivo de tentar lucrar com
operações de compra e venda
no mesmo pregão.
A elevação da intensidade
das oscilações na Bolsa é bem
ilustrada pelo chamado "índice
de volatilidade", medido pela
própria BM&FBovespa. Quanto maior esse índice, mais elevada é a volatilidade -que é a
intensidade e a freqüência das
variações dos preços dos ativos.
Para o índice Ibovespa, considerando-se o período de um
mês, o índice de volatilidade
atingiu na semana passada
98,43%. No período de um ano,
quando as turbulências ainda
não estavam tão intensas, o índice fica em um patamar bem
menor, em 43,42%.
Isso demonstra o quanto o
mercado está mais imprevisível e também arisco.
"O momento de maior pânico pode até ter ficado para trás,
mas a volatilidade vai seguir intensa no mercado", afirma André Simões, do Modal Asset
Management.
Para garimpar
A depreciação da Bolsa de
Valores de São Paulo nos últimos meses fez com que muitas
ações se depreciassem de forma exagerada em relação a seus
fundamentos econômicos.
Desde o seu pico histórico,
que foram os 73.516 pontos de
20 de maio, a desvalorização da
Bovespa chega a 50%. No ano, a
queda acumulada pela Bolsa de
SP já está em 43%.
Dentre as grandes companhias listadas em pregão, há as
que perdem ainda mais que a
Bovespa. Um exemplo são as
perdas da ação preferencial "A"
da Vale, que acumula desvalorização de 52,64% em 2008. Outro é o papel ordinário da Usiminas, que tem queda anual de
52,46%. Já Banco do Brasil ON
caiu 48,68% no ano.
"Há muitas ações baratas.
Ninguém consegue afirmar
qual será o ponto da virada, mas
há muitos sintomas de que os
preços estão baixos", afirma
Halfeld. "Neste momento, entendo que o ideal é poder comprar ações e ficar com elas em
carteira por alguns anos."
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