São Paulo, segunda-feira, 20 de outubro de 2008

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Pregão de intensa oscilação abre oportunidades de ganho

Investidor consegue lucrar ao comprar e vender ação no mesmo dia, mas tática é arriscada

Ação da Vale variou 42,2% entre o preço mínimo e o máximo negociados na semana; papel da Petrobras teve diferença de 37,4%

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Poucas vezes a Bolsa de Valores de São Paulo atravessou um período de tão intensas oscilações. Tem sido normal a Bovespa alternar-se várias vezes durante o pregão entre o terreno positivo e o negativo. Se por um lado o mercado acionário se tornou muito mais arriscado, por outro surgiram mais chances de lucrar, devido ao constante sobe-e-desce diária.
Um exemplo é a ação preferencial da Petrobras, que encerrou a semana passada com baixa acumulada de 4,2%, vendida a R$ 22,99. Porém, entre o preço mínimo que alcançou na semana durante as operações (R$ 21,11) e o máximo (R$ 29,00) houve uma diferença muito expressiva, de 37,4%.
É claro que dificilmente alguém consegue acertar comprar uma ação por sua cotação mínima e vendê-la pela máxima. Mas o caso da Petrobras ilustra o quanto os papéis estão oscilando bruscamente nos últimos dias, abrindo oportunidades de ganhos.
A ação preferencial "A" da Vale teve uma variação de preço ainda mais elevada que a da Petrobras. O papel encerrou a semana com baixa acumulada de 1,95%. Se forem consideradas suas cotações mínima e máxima no período, a diferença alcançou 42,2%.
Adquirir um papel em seu piso e vendê-lo em seu teto pode significar lucros elevados, mas o inverso também pode ocorrer. Ainda considerando a ação preferencial da Petrobras, quem, hipoteticamente, tivesse comprado a ação na máxima e vendido na mínima teria perdido 27,2%.
Mas analistas financeiros alertam que fazer operações de "day-trade" -como são chamadas as operações de compra e venda no mesmo dia- é muito mais arriscado, pois acertar a hora correta de comprar e a de vender um ativo é complicado mesmo para quem acompanha o mercado de perto.
Mauro Halfeld, consultor financeiro e professor da Universidade Federal do Paraná, diz que aplicar em "Bolsa é sempre difícil" e que é complicado buscar o mercado acionário com o objetivo de tentar lucrar com operações de compra e venda no mesmo pregão.
A elevação da intensidade das oscilações na Bolsa é bem ilustrada pelo chamado "índice de volatilidade", medido pela própria BM&FBovespa. Quanto maior esse índice, mais elevada é a volatilidade -que é a intensidade e a freqüência das variações dos preços dos ativos.
Para o índice Ibovespa, considerando-se o período de um mês, o índice de volatilidade atingiu na semana passada 98,43%. No período de um ano, quando as turbulências ainda não estavam tão intensas, o índice fica em um patamar bem menor, em 43,42%.
Isso demonstra o quanto o mercado está mais imprevisível e também arisco.
"O momento de maior pânico pode até ter ficado para trás, mas a volatilidade vai seguir intensa no mercado", afirma André Simões, do Modal Asset Management.

Para garimpar
A depreciação da Bolsa de Valores de São Paulo nos últimos meses fez com que muitas ações se depreciassem de forma exagerada em relação a seus fundamentos econômicos.
Desde o seu pico histórico, que foram os 73.516 pontos de 20 de maio, a desvalorização da Bovespa chega a 50%. No ano, a queda acumulada pela Bolsa de SP já está em 43%.
Dentre as grandes companhias listadas em pregão, há as que perdem ainda mais que a Bovespa. Um exemplo são as perdas da ação preferencial "A" da Vale, que acumula desvalorização de 52,64% em 2008. Outro é o papel ordinário da Usiminas, que tem queda anual de 52,46%. Já Banco do Brasil ON caiu 48,68% no ano.
"Há muitas ações baratas. Ninguém consegue afirmar qual será o ponto da virada, mas há muitos sintomas de que os preços estão baixos", afirma Halfeld. "Neste momento, entendo que o ideal é poder comprar ações e ficar com elas em carteira por alguns anos."


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