|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Venezuela cria sistema de bandas para dólar
Governo não dá detalhes sobre valor máximo e mínimo para o paralelo, que será controlado pelo BC
FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS
O governo da Venezuela
anunciou ontem que o dólar
paralelo será regido por um sistema de banda de preços, cotados a partir do valor dos papéis
da dívida pública e da estatal
petroleira PDVSA no mercado
internacional.
O anúncio feito pelo ministro
do Desenvolvimento e Planejamento, Jorge Giordani, não sanou todas as dúvidas sobre a
nova legislação, aprovada pelo
Legislativo na semana passada.
Não há ainda o valor máximo
e mínimo da banda cambial. O
mercado paralelo é a saída para
pessoas físicas e importadores
em busca de dólares escassos
no sistema oficial, mas seguirá
paralisado até que o novo sistema entre em funcionamento.
A paralisia e os dias de incerteza darão mais impulso à inflação, dizem os analistas, quando
o objetivo do governo Hugo
Chávez com a reforma é frear o
efeito da alta recorde do dólar
paralelo (8,2 bolívares fortes
por dólar) sobre a alta dos preços, 5,2% só em abril.
Chávez, que enfrenta eleições legislativas em setembro,
decide mudar o paralelo apenas
quatro meses depois de Caracas desvalorizar em mais de
50% a moeda local, em janeiro,
e de criar dois tipos de câmbio
oficial: 2,6 bolívares fortes para
importações de alimentos e remédios e 4,3 bolívares fortes
por dólar para os demais.
Analistas ouvidos pela Folha
julgam que o governo não ataca
as causas de fundo da alta demanda por divisa estrangeira:
além da inflação, a falta de investimentos privados e o ambiente de insegurança jurídica.
Sob as novas regras, o banco
central será o operador do sistema -as corretoras de câmbio
estão excluídas do negócio. Tudo dependerá de quanto em reservas o BC estará disposto de
disponibilizar e qual a celeridade do processo. Se houver pouca oferta e lentidão, a reação
será o nascimento de um quarto câmbio no mercado negro.
"O governo resolveu redobrar a aposta, com maior ênfase no intervencionismo e no
discurso que põe a culpa pela
inflação nos empresários", diz
Patrick Esteruelas, analista da
consultoria Eurasia Group.
Essa também é a opinião de
José Guerra, ex-diretor do BC
venezuelano. "Para mim, eles
realmente acreditam que é
uma questão de mais policiamento", diz.
"A Venezuela talvez esteja
próxima de um ponto no qual a
riqueza do petróleo não seja
mais suficiente para mascarar
as distorções macroeconômicas politicamente induzidas",
afirma um relatório de 30 de
março do Morgan Stanley, que
prevê nova desvalorização neste ano.
Esteruelas diz que a Venezuela entra mais uma vez no ciclo, que vem de antes de Chávez, de controle de câmbio seguido de inflação e desvalorização, mas não crê que ela ocorra
antes das eleições de setembro.
Texto Anterior: Facebook faz parceria com "FarmVille" Próximo Texto: Análise: País de Chávez volta a enfrentar pressão Índice
|