São Paulo, domingo, 17 de maio de 2009

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Produtores temem união Sadia-Perdigão

Preocupação de criadores de suínos e aves é com o poder de barganha da nova empresa na hora de negociar preços e custos

Maior competitividade da nova empresa no exterior, porém, também poderá favorecer produtores, dizem criadores e associações

Joel Silva - 1º.mai.09/Folha Imagem
Produtor trata de criação de porcos em Cascavel, no interior do Paraná; associação diz não esperar aumento dos preços ao criador

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

Produtores de suínos e aves em Santa Catarina, Goiás e no Paraná que trabalham integrados à Sadia e à Perdigão, assim como entidades de classe de criadores, ouvidos pela Folha acham que a união entre as duas empresas poderá trazer benefícios e problemas.
Eles dizem acreditar que a compra da Sadia pela Perdigão (que deve ser anunciada amanhã) elevará a competitividade no mercado internacional da nova empresa que surgir e que isso poderá gerar mais ganhos aos produtores integrados.
Há, no entanto, preocupação com a perda do poder de barganha no momento de negociar preços e custos com a nova gigante do setor de alimentos que vai surgir após o negócio.
No sistema integrado, o criador oferece mão de obra, e a indústria fornece animais, ração e assistência técnica para criação e engorda de aves e suínos.
Em Santa Catarina, berço das duas companhias e onde surgiu o modelo de integração no país, tanto a Faesc (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina) como a ACCS (Associação Catarinense de Criadores de Suínos) afirmam aprovar a criação da nova empresa.
Segundo José Zeferino Pedrozo, 67, presidente da Faesc, isso não vai alterar em nada a relação entre integrados e indústria. "Mas vai aumentar o poder da empresa no mercado internacional, o que pode refletir em benefícios para o produtor integrado", afirma.
Losivanio Luiz de Lorenzi, 39, vice-presidente da ACCS, concorda. Ele avalia que o aumento de competitividade no mercado internacional acabará por beneficiar o produtor integrado. A ACCS tem 12 mil criadores de suínos filiados em Santa Catarina, sendo que 8.000 produtores estão na ativa. Desses, 80% trabalham em sistema de integração com as cinco indústrias catarinenses.
A Sadia e a Perdigão, hoje, respondem por 50% dessa integração. O restante está diluído entre Seara, Pamplona e Aurora, as outras três grandes integradoras do Estado.
Lorenzi, porém, não vislumbra melhorias, a curto prazo, na remuneração dos produtores integrados, já que há quatro anos as indústrias trabalham com preços similares.
"Eu torço para que dê certo [a criação da nova empresa] em termos de mercado externo. Mas me preocupo com a perda do poder de barganha do integrado com essa nova gigante do setor", afirma Leoclides Bizonin, 60, vice-presidente técnico da Assuinoeste, entidade que reúne 2.200 produtores de suínos na região de Toledo (oeste do Paraná).
Dos 2.200 associados à Assuinoeste, 90% são integrados à Sadia, que possui na cidade o maior frigorífico de suínos do Brasil, com abate diário de 6.450 animais.
O presidente da Aginterp (Associação dos Granjeiros Integrados à Perdigão), que reúne 350 criadores de suínos e aves em Rio Verde (241 km de Goiânia), Angelo Thomaz Landim Júnior, 38, também está otimista com a aquisição.
No Centro-Oeste, os integrados possuem perfil diferente dos pequenos do Sul. São grande produtores. Os 350 integrados da Perdigão na região de Rio Verde entregam 400 mil aves/dia e 5.000 suínos/dia para essa indústria. Landim Júnior, por exemplo, trabalha com aves e entrega 270 mil frangos a cada 45 dias.


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