São Paulo, domingo, 17 de maio de 2009

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Arrecadação em maio segue abaixo das projeções

DOS COLUNISTAS DA FOLHA

Guido Mantega não quis adiantar as estimativas oficiais para o PIB do primeiro trimestre, que será divulgado oficialmente no dia 9 de junho. Reconhece que a economia deve ter encolhido no período, a segunda queda consecutiva do PIB. E diz que a arrecadação de impostos federais em maio ainda ficou abaixo das projeções do próprio governo.
Alguns referem-se a duas quedas como "recessão técnica", embora não exista consenso sobre o conceito. "Bem, o que quer dizer "recessão técnica'? Que o PIB caiu dois trimestres seguidos. E o que quer dizer isso? Apenas duas quedas seguidas não diz nada sobre a dinâmica da economia nem no curto prazo, que é um ano", diz Mantega. O ministro acredita que, no trimestre final de 2009, o PIB estará crescendo a "3%, 4%", na comparação anual.
Mantega volta a dizer que a economia brasileira está se recuperando mais rapidamente que o resto do mundo e que, nos primeiros sinais de retomada, o Brasil tem se tornado o foco dos investidores.
"A China está se recuperando. Há uma retomada no consumo de commodities, com alta de preços. O Brasil é um grande exportador de commodities; isso reforçou nossa posição no cenário internacional, além de as demais condições econômicas estarem sólidas. Temos mercado interno resistente e que pode crescer, o consumo no varejo está se sustentando. Nossa economia sofreu mais por causa das exportações de manufaturados, que caíram no mundo inteiro, de maneira forte. Mas o mercado interno, apoiado ainda pelas reduções de impostos sobre bens de consumo duráveis, mostrou força. Em quase todo o mundo caiu a produção de automóveis, de modo muito violento. Aqui, não", diz Mantega.

Fundo para empresas
Dado esse cenário, o ministro não prevê muitas novas medidas para impulsionar a economia. O governo está concentrado agora em resolver a escassez de crédito para pequenas e médias empresas. Como antecipado pela Folha, será criado um fundo para garantir empréstimos para pequenas e médias empresas. Isto é, em caso de inadimplência, o fundo cobre as perdas, o que incentiva os bancos a emprestar.
O formato do fundo ainda não está definido. O governo pretendia criar um fundo novo, gerido pelo Banco do Brasil, e reativar um fundo dessa natureza já existente no BNDES, com verbas retidas pelo contingenciamento de gastos públicos. Agora, talvez deva criar só um, pois os bancos privados resistem à ideia de abrir ao BB seus negócios com empresas.
O dinheiro, cerca de R$ 4 bilhões, virá, na maior parte, do Tesouro, com alguma contribuição dos bancos. A maior participação dos bancos, porém, não virá na forma de financiamento desse fundo. A ideia do governo é fazer com que, em caso de inadimplência, os bancos assumam as primeiras perdas (como no caso da franquia de um seguro de automóvel). Ou seja, os bancos apenas estariam cobertos do calote caso as perdas ultrapassassem certo limite. A ideia é fazer com que os bancos não se descuidem de verificar a qualidade do tomador de crédito, assumindo parte dos riscos. (VTF E GB)


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