São Paulo, sábado, 10 de outubro de 2009

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BC dos EUA mostra sinais de racha sobre retomada dos juros

Principal divisão é quanto à rapidez e à forma do aumento da taxa, que hoje está próxima de zero

DO "NEW YORK TIMES"

Começam a surgir divergências entre os líderes do Fed (o BC dos EUA) sobre quando devem começar a elevar a taxa de juros básica do país, que hoje está entre zero e 0,25%. Já que a previsão do Fed é que o desemprego seja, em média, de 9,8% em 2010, ninguém parece estar argumentando que a política monetária deva ser apertada no curto prazo. O lema do banco central continua a ser que a taxa se manterá "excepcionalmente baixa" por "um período prolongado".
Mas dirigentes do Fed deram a entender que novas divergências surgiram nas últimas semanas. O desentendimento vai além da tradicional distinção entre a linha dura, que se preocupa com os efeitos inflacionários de uma política monetária frouxa, e a ala moderada, que argumenta que o desemprego é o principal problema. Os debates mais intricados se referem à rapidez da alta (após ela iniciar) e à forma que deve tomar. Além de elevar os juros, o Fed precisa liquidar US$ 2 trilhões em programas especiais de ajuda aos bancos e aos mercados de crédito paralisados.
Não se sabe qual é a posição do presidente do Fed, Ben Bernanke. Anteontem, ele garantiu a economistas que o BC conta com uma lista detalhada de ferramentas para reverter o curso, mas não ofereceu indicações sobre quando pretende começar a implementá-las.
"Quando as perspectivas econômicas tiverem melhorado o bastante, estaremos preparados para apertar nossa posição de política monetária e terminaremos por devolver o nosso balanço a uma configuração mais normal", afirmou.
Qualquer medida de aumento dos juros em 2010 colocaria o Fed em rota de colisão com a Casa Branca. O governo vem deixando claro que não deseja o fim acelerado das medidas de estímulo -fiscal e monetário.
As autoridades se preocupam devido aos resultados de erros de cálculo anteriores. Bernanke e outros advertiram que o Fed não deveria repetir o erro de 1937, quando elevou a taxa de juros cedo demais e ajudou a prolongar a Grande Depressão por diversos anos.
Um indício de desacordo surgiu na terça, quando Thomas Hoenig, do Fed de Kansas City, ainda que não tenha apelado por alta imediata dos juros, deixou claro que estava perdendo a paciência. E ele não está sozinho. Richard Fisher, presidente do Fed de Dallas, transmitiu mensagem semelhante na semana passada, e pelos menos três influentes dirigentes do BC têm posição similar.
Em contraste, alguns importantes funcionários do Fed em Nova York e Washington enfatizaram repetidamente que a economia continua muito fraca e que o desemprego, que está no seu maior patamar desde o começo dos anos 80, provavelmente superará os 10% e continuará alto por vários anos.

Tradução de PAULO MIGLIACCI



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