São Paulo, quarta-feira, 08 de julho de 2009

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Rumor sobre novo pacote dos EUA afeta mercados

Bolsa de SP recua para o menor nível desde maio

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O pessimismo em relação à recuperação da economia norte-americana voltou a perturbar os mercados. As Bolsas caíram pelo mundo, enquanto o dólar se fortaleceu. A Bovespa perdeu 2,3%, o que a empurrou para baixo dos 50 mil pontos.
A moeda norte-americana subiu 1,63% diante do real, vendida a R$ 1,993 no fim do dia.
O índice Ibovespa, que agrupa as 64 nacionais mais negociadas, recuou para 49.456 pontos, o patamar mais baixo desde 15 de maio. No mês, ela se desvalorizou em 3,9%.
Analistas e investidores começaram a comentar a possibilidade de o governo dos EUA ter de anunciar um novo pacote. Declarações de Laura Tyson, da equipe de conselheiros do presidente Barack Obama, no sentido de que o governo deveria considerar a necessidade de um novo plano, deixaram o mercado em alerta.
"A economia está pior do que a previsão em que o programa de estímulo foi baseado", disse Tyson. "Nós provavelmente já tivemos 2,5 milhões de cortes de vagas mais do prevíamos." No começo do ano, o governo Obama aprovou plano de estímulo de US$ 787 bilhões.
Na semana passada, o Prêmio Nobel de Economia Paul Krugman também falou que os EUA precisam de um novo pacote. Como os EUA são o principal motor da economia global, a possibilidade de que a sua recuperação esteja patinando gera preocupação nas Bolsas.
Na Bolsa de Nova York, o índice Dow Jones registrou queda de 1,94%. A Nasdaq perdeu 2,31%. Em Londres, a Bolsa caiu 0,19%; em Frankfurt, a baixa foi de 1,15%.
"Na semana passada, indicadores econômicos desapontadores, como o recorde da taxa de desemprego nos EUA, causaram redução do apetite por risco e desânimo nos mercados financeiros globais", avalia Miriam Tavares, diretora de câmbio da corretora AGK.
"Os números devem seguir apontando que o processo de recuperação da economia será gradual e relativamente lento. E, na medida em que o quadro econômico se mostre um pouco pior que o esperado pelos mercados, os preços dos ativos podem cair um pouco mais para se ajustar à realidade dos números", afirma Tavares.
A depreciação das commodities levou os papéis das companhias de siderurgia e mineração a mais um pregão de baixa ontem. Para os papéis da Vale, também foi prejudicial o anúncio de que pretende vender cerca de US$ 1 bilhão em bônus conversíveis em ações.
Na lista das cinco maiores quedas de ontem, apareceram Vale PNA, com baixa de 5,54%, e Vale ON, com recuo de 5%.
Outra ação do Ibovespa destaque de perdas ontem foi a da da Redecard, que terminou o pregão com baixa de 5,54%. Desde a estreia da administradora de cartões VisaNet, no começo da semana passada, a Redecard tem perdido valor na Bolsa. Ontem, a ação da VisaNet também sofreu e terminou com baixa de 3,96%. Mas, desde a sua estreia, no dia 29, o papel da empresa já subiu 13%.
A continuidade na perda de valor do barril de petróleo enfraqueceu as ações da Petrobras. Os papéis preferenciais da petrolífera, os mais negociados da Bolsa, recuaram 2,29%.
Com o feriado em São Paulo, que fechará a Bolsa amanhã, são grandes as chances de o mercado doméstico ficar negativo hoje, com os investidores tentando realizar operações mais defensivas -com menos ações e mais dólares em carteira. Isso pode ocorrer como forma de eles se anteciparem a uma hipotética piora dos mercados no exterior enquanto for feriado em São Paulo.


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