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Recuperação na indústria é desigual, aponta a CNI
Uso da capacidade instalada supera o de 2008 em alguns setores voltados ao mercado interno
Empresas exportadoras
têm desempenho pior; faturamento da indústria melhora, mas ainda é 7,7% menor que no ano passado
MARCELA CAMPOS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA ONLINE,
EM BRASÍLIA
O uso das máquinas do parque industrial brasileiro subiu
pelo quarto mês consecutivo,
chegando a 79,8% em maio deste ano. Na média, os índices estão abaixo de 2008, mas alguns
setores têm desempenho diferenciado, mostra pesquisa da
CNI (Confederação Nacional
da Indústria) divulgada ontem.
O aumento da utilização da
capacidade instalada -que mede o quanto das máquinas e
equipamentos está em operação-, na média, aponta para
um aquecimento da demanda.
Essa recuperação, no entanto,
ainda não permitiu que o indicador retornasse aos níveis do
ano passado (83,1%).
Segundo o levantamento, porém, a utilização da capacidade
é maior em setores mais voltados ao mercado doméstico, enquanto o mesmo não ocorre
com aqueles setores que produzem bens para a exportação.
O uso de máquinas em maio
de 2009 nos setores de vestuário (83,1%), equipamentos de
transporte (90,8%) e refino de
álcool (89,6%) superou, inclusive, a atividade de maio de
2008 (respectivamente 81,6%,
84,6% e 89,1%), quando a economia brasileira ainda crescia a
todo o vapor.
No sentido inverso, o setor
madeireiro teve o menor nível
de utilização da capacidade na
comparação com maio de 2008
(63,1% ante 76,7%), seguido
por metalurgia básica (70,8%
ante 93,3%), setores com tradição exportadora, cuja demanda
foi mais profundamente afetada pela crise financeira global.
"Duas das importantes fontes de demanda, exportações e
investimentos, ainda não mostram sinais de recuperação",
afirma o gerente-executivo de
Política Econômica da CNI,
Flávio Castelo Branco.
Para a CNI, o desencontro de
indicadores industriais, uns
mais positivos embrenhados
com outros ainda negativos, como emprego e horas trabalhadas, torna difícil fazer previsões
sobre o ritmo da recuperação
da economia brasileira, na opinião de Castelo Branco.
Faturamento sobe
O faturamento da indústria
cresceu de 1,1% de abril para
maio. Foi a terceira alta em cinco meses. Mas, para a área econômica da CNI, ainda não configura uma tendência de recuperação. Na comparação com
maio de 2008, há uma retração
de 7,7%.
Já o nível de emprego e o
montante de horas trabalhadas
ainda mostram decréscimo, de
0,3% e 0,5%, respectivamente.
Trata-se da sétima queda
consecutiva no emprego, sem
as influências sazonais. A redução, porém, perdeu ritmo, se
comparada à dos meses anteriores. Em relação a maio do
ano passado, a queda, de 4,1%, é
a maior desde o início da série
da pesquisa, em 2003.
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