São Paulo, quarta-feira, 08 de julho de 2009

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Recuperação na indústria é desigual, aponta a CNI

Uso da capacidade instalada supera o de 2008 em alguns setores voltados ao mercado interno

Empresas exportadoras têm desempenho pior; faturamento da indústria melhora, mas ainda é 7,7% menor que no ano passado


MARCELA CAMPOS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA ONLINE, EM BRASÍLIA

O uso das máquinas do parque industrial brasileiro subiu pelo quarto mês consecutivo, chegando a 79,8% em maio deste ano. Na média, os índices estão abaixo de 2008, mas alguns setores têm desempenho diferenciado, mostra pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria) divulgada ontem.
O aumento da utilização da capacidade instalada -que mede o quanto das máquinas e equipamentos está em operação-, na média, aponta para um aquecimento da demanda. Essa recuperação, no entanto, ainda não permitiu que o indicador retornasse aos níveis do ano passado (83,1%).
Segundo o levantamento, porém, a utilização da capacidade é maior em setores mais voltados ao mercado doméstico, enquanto o mesmo não ocorre com aqueles setores que produzem bens para a exportação.
O uso de máquinas em maio de 2009 nos setores de vestuário (83,1%), equipamentos de transporte (90,8%) e refino de álcool (89,6%) superou, inclusive, a atividade de maio de 2008 (respectivamente 81,6%, 84,6% e 89,1%), quando a economia brasileira ainda crescia a todo o vapor.
No sentido inverso, o setor madeireiro teve o menor nível de utilização da capacidade na comparação com maio de 2008 (63,1% ante 76,7%), seguido por metalurgia básica (70,8% ante 93,3%), setores com tradição exportadora, cuja demanda foi mais profundamente afetada pela crise financeira global.
"Duas das importantes fontes de demanda, exportações e investimentos, ainda não mostram sinais de recuperação", afirma o gerente-executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco.
Para a CNI, o desencontro de indicadores industriais, uns mais positivos embrenhados com outros ainda negativos, como emprego e horas trabalhadas, torna difícil fazer previsões sobre o ritmo da recuperação da economia brasileira, na opinião de Castelo Branco.

Faturamento sobe
O faturamento da indústria cresceu de 1,1% de abril para maio. Foi a terceira alta em cinco meses. Mas, para a área econômica da CNI, ainda não configura uma tendência de recuperação. Na comparação com maio de 2008, há uma retração de 7,7%.
Já o nível de emprego e o montante de horas trabalhadas ainda mostram decréscimo, de 0,3% e 0,5%, respectivamente.
Trata-se da sétima queda consecutiva no emprego, sem as influências sazonais. A redução, porém, perdeu ritmo, se comparada à dos meses anteriores. Em relação a maio do ano passado, a queda, de 4,1%, é a maior desde o início da série da pesquisa, em 2003.


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