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Recorde, carga fiscal chega a 36% do PIB
No 1º ano sem a CPMF, peso dos tributos na economia cresceu em 2008; com a crise, tendência agora é de queda, prevê a Receita
Tanto a tributação sobre o consumo, como o ICMS, como a que incide sobre a renda, caso do IR, tiveram expansão no ano passado
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O crescimento econômico do
ano passado e a consequente alta da arrecadação levaram a
carga tributária ao recorde de
35,8% do PIB (Produto Interno
Bruto) em 2008.
Tanto os tributos sobre a
renda quanto os sobre o consumo tiveram expansão. Em
2007, a carga tributária foi de
34,72%. Ou seja, houve aumento de 1,08 ponto percentual. A
carga tributária é a arrecadação
de tributos nas três esferas de
governo em proporção do PIB.
No ano passado, mesmo com
o fim da CPMF, que correspondia a cerca de R$ 40 bilhões para os cofres públicos, a arrecadação cresceu 14%, para R$
685,6 bilhões. O governo compensou em parte a perda do imposto do cheque, elevando a cobrança de IOF sobre operações
de crédito e de CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) para os bancos.
No Brasil, o sistema de cobrança de impostos faz com
que o consumo seja mais tributado do que a renda. Logo, pessoas com rendimento menor
pagam relativamente mais impostos do que aqueles com ganhos maiores. "A injustiça tributária no Brasil é triste. Quanto mais alta a renda, menor a
carga tributária do contribuinte", afirmou Francisco Lopreato, especialista em contas públicas da Unicamp.
A cobrança de impostos que
incidem sobre bens e serviços
(consumo), como ICMS e IPI,
representaram 17,32% do PIB,
contra 16,32% do PIB em 2007.
Os tributos que incidem sobre a
renda corresponderam a 7,34%
do PIB em 2007, contra 6,72%
do PIB no ano passado.
A folha salarial também supera a tributação sobre renda e
sobre propriedade. No Brasil,
essa contribuição representou
8,06% do PIB no ano passado.
Em 2007 era 7,72% do PIB. Os
impostos que incidem sobre a
propriedade corresponderam a
1,23% do PIB no ano passado.
Por causa do fim da CPMF, a
cobrança de tributos sobre operações financeiras foi a única
base de incidência que teve
queda de carga tributária, de
1,70% do PIB em 2007 para
0,73% do PIB em 2008.
Queda neste ano
A Receita Federal prevê que
em 2009 a carga tributária vai
cair. Se a previsão se confirmar,
será a primeira queda desde
2003. Isso porque o desempenho da economia neste ano segue o caminho oposto ao do ano
passado. Com a recessão econômica e as desonerações de
impostos, a arrecadação já caiu
7% de janeiro a maio.
"O último desejo do governo
é aumento da carga tributária
em um ano de crise. Esperamos
redução. Na esfera federal, certamente haverá queda", disse o
coordenador-geral de Estudos,
Previsão e Análise da Receita,
Marcelo Lettieri.
Amir Khair, especialista em
contas públicas e tributação,
acredita que neste ano a carga
tributária vai ser de 35% do
PIB. Ele justifica que a cobrança de Imposto de Renda, IPI e
Cofins será o principal fator de
queda da carga em 2009. Se a
projeção do especialista se confirmar, ainda assim será a segunda maior carga tributária já
registrada no Brasil.
No ano passado, o aumento
de arrecadação do governo federal foi o maior responsável
pelo crescimento da carga de
impostos. A esfera federal arrecadou 24,9% do PIB em tributos (0,6 ponto percentual a
mais que em 2007), enquanto
os governos estaduais arrecadaram 9,23% (0,4 ponto a mais
que em 2007) do PIB em impostos, e as prefeituras, 1,64%
do PIB. São Paulo foi responsável por 46% do aumento da carga tributária relativa ao ICMS
no ano passado.
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