|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Venda de veículos novos se desacelera em agosto
Número de emplacamentos, que crescia a um ritmo de dois dígitos, foi só 4,1% maior
Em relação a julho, houve redução de 15%; entre os motivos, estão queda na confiança do consumidor e alta do juro, dizem analistas
TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO
As vendas de veículos novos
registraram queda no ritmo de
crescimento em agosto na
comparação com o mesmo mês
do ano anterior. A alta nos emplacamentos, que vinha ultrapassando os dois dígitos em todos os meses deste ano nesse
comparativo, foi de apenas
4,1% no mês passado, quando
foram vendidos 244,8 mil automóveis, comerciais leves, ônibus e caminhões, segundo dados obtidos pela Folha.
No acumulado de janeiro a
agosto (1,94 milhão de veículos), o crescimento ainda está
em patamar elevado, chegando
a 26,4%. Nos sete primeiros
meses do ano, esse percentual
tinha sido de 30,4%.
Já no confronto de agosto
com julho, houve diminuição
de 15% nos emplacamentos.
Em maio, última vez em que foi
registrada queda nas vendas
em relação ao mês anterior, a
redução havia sido de 7,4%.
Na opinião de André Beer,
ex-presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) e consultor especializado
no setor, não havia como manter o crescimento registrado
nos meses anteriores porque a
base de comparação, do ano
passado, é muito elevada e as
condições mudaram.
"O custo do financiamento
subiu e o consumidor também
sentiu os efeitos dos aumentos
em outras áreas, como alimentação e preços administrados."
A elevação dos juros também
foi apontada pelo economista-chefe da LCA Consultores,
Bráulio Borges, como um dos
motivos para o pé no freio dos
emplacamentos.
"Além disso, houve a queda
na confiança, que é a disposição do consumidor em se endividar, ainda que continue com
a mesma renda", afirma.
Segundo a mais recente sondagem da FGV (Fundação Getulio Vargas), quatro em cada
cinco consumidores decidiram
cortar gastos ou substituir produtos e serviços para não comprometer mais o orçamento e
driblar os efeitos da inflação.
Os dados mais recentes da
Anef (Associação Nacional das
Empresas Financeiras das
Montadoras) mostram que os
juros anuais para financiamento e leasing nos bancos das
montadoras subiram de 19,4%
em junho de 2007 para 21,7%
em igual mês deste ano.
Segundo Borges, a indústria
automobilística demorou a
sentir o efeito do cenário econômico por causa da quantidade de lançamentos, que levou
os consumidores a trocar de
carro antes do que planejavam.
"Esperávamos essa desaceleração no segundo trimestre. É o
caminho natural", diz ele, lembrando que agosto deste ano
teve dois dias úteis a menos do
que o mesmo mês de 2007.
Para Beer, "estamos chegando ao equilíbrio". "Crescer menos, mas de forma sustentável,
é melhor", afirma. No confronto de abril deste ano com igual
mês do ano passado, a alta nas
vendas chegou a 45,7%.
Para conter a demanda aquecida no setor, o Ministério da
Fazenda analisa a possibilidade de taxar as operações de leasing com o IOF (Imposto sobre
Operações Financeiras).
Texto Anterior: Mantega nega que aumento de servidor pressione preços Próximo Texto: Crescimento continuará, mas a passos moderados, aponta GM Índice
|