São Paulo, terça-feira, 02 de setembro de 2008

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Venda de veículos novos se desacelera em agosto

Número de emplacamentos, que crescia a um ritmo de dois dígitos, foi só 4,1% maior

Em relação a julho, houve redução de 15%; entre os motivos, estão queda na confiança do consumidor e alta do juro, dizem analistas

TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO

As vendas de veículos novos registraram queda no ritmo de crescimento em agosto na comparação com o mesmo mês do ano anterior. A alta nos emplacamentos, que vinha ultrapassando os dois dígitos em todos os meses deste ano nesse comparativo, foi de apenas 4,1% no mês passado, quando foram vendidos 244,8 mil automóveis, comerciais leves, ônibus e caminhões, segundo dados obtidos pela Folha.
No acumulado de janeiro a agosto (1,94 milhão de veículos), o crescimento ainda está em patamar elevado, chegando a 26,4%. Nos sete primeiros meses do ano, esse percentual tinha sido de 30,4%.
Já no confronto de agosto com julho, houve diminuição de 15% nos emplacamentos. Em maio, última vez em que foi registrada queda nas vendas em relação ao mês anterior, a redução havia sido de 7,4%.
Na opinião de André Beer, ex-presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) e consultor especializado no setor, não havia como manter o crescimento registrado nos meses anteriores porque a base de comparação, do ano passado, é muito elevada e as condições mudaram.
"O custo do financiamento subiu e o consumidor também sentiu os efeitos dos aumentos em outras áreas, como alimentação e preços administrados."
A elevação dos juros também foi apontada pelo economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges, como um dos motivos para o pé no freio dos emplacamentos.
"Além disso, houve a queda na confiança, que é a disposição do consumidor em se endividar, ainda que continue com a mesma renda", afirma.
Segundo a mais recente sondagem da FGV (Fundação Getulio Vargas), quatro em cada cinco consumidores decidiram cortar gastos ou substituir produtos e serviços para não comprometer mais o orçamento e driblar os efeitos da inflação.
Os dados mais recentes da Anef (Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras) mostram que os juros anuais para financiamento e leasing nos bancos das montadoras subiram de 19,4% em junho de 2007 para 21,7% em igual mês deste ano.
Segundo Borges, a indústria automobilística demorou a sentir o efeito do cenário econômico por causa da quantidade de lançamentos, que levou os consumidores a trocar de carro antes do que planejavam. "Esperávamos essa desaceleração no segundo trimestre. É o caminho natural", diz ele, lembrando que agosto deste ano teve dois dias úteis a menos do que o mesmo mês de 2007.
Para Beer, "estamos chegando ao equilíbrio". "Crescer menos, mas de forma sustentável, é melhor", afirma. No confronto de abril deste ano com igual mês do ano passado, a alta nas vendas chegou a 45,7%.
Para conter a demanda aquecida no setor, o Ministério da Fazenda analisa a possibilidade de taxar as operações de leasing com o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).


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