São Paulo, terça-feira, 02 de setembro de 2008

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Cesta básica recua até 11% em agosto, afirma Dieese

Preço de alimentos cai em 15 das 16 capitais pesquisadas; em SP, baixa é de 4,35%

Regularização das safras e desaceleração do preço das commodities agrícolas explicam queda; feijão e tomate são destaque de baixa

DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Os preços dos alimentos básicos recuaram em 15 de 16 capitais brasileiras no mês de agosto, segundo pesquisa realizada pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos).
As maiores quedas se deram em Recife (-10,77%), em Natal (-10,73%) e em Fortaleza (-10,59%). Em São Paulo, a baixa foi de 4,35%, mas o custo da cesta de gêneros alimentícios essenciais na cidade é o segundo maior, de R$ 241,15. A única cidade a registrar elevação foi Goiânia (1,15%).
"A alta generalizada dos itens observada pelo menos desde novembro último foi interrompida", diz José Maurício Soares, coordenador da pesquisa de cesta básica do Dieese.
A queda se explica pela regularização das safras e pela desaceleração do preço das commodities agrícolas no mercado internacional. O feijão, por exemplo, caiu em 15 localidades -a maior baixa foi de 17,07%, em Recife. "No ano passado, esse produto sofreu com uma seca muito forte. Além disso, não havia estoque suficiente para suprir o consumo e a cotação do petróleo disparou, encarecendo os fertilizantes", diz Soares. "Mas os preços do feijão não recuaram o bastante, ainda. Têm espaço para voltar."
A queda do tomate também foi destaque no mês passado.
Em Natal, chegou a 60%; em Vitória, a 55,56%; e, no Rio, a 53,48%. Mesmo assim, os preços continuam elevados: no período de um ano encerrado em agosto, o produto acumula alta de 40,74% no Rio Grande do Norte. "Apesar de não ter faltado tomate, o preço estava exagerado, daí as pronunciadas baixas no mês passado."
Todas as capitais viram o óleo de soja recuar também.
Em 11 delas, a carne e o arroz caíram. Já o leite, que está na entressafra, avançou em sete cidades.
Na avaliação de Soares, os preços tendem a seguir em queda até o final do ano. "O tempo está melhor do que em 2007, o que melhora a capacidade de produção."

Futuro
Os especialistas comemoram os indicadores que apontam um enfraquecimento das pressões causadas pelos alimentos, porém não vislumbram um cenário totalmente tranqüilo para a inflação. "O componente especulativo dos preços das commodities agrícolas foi esvaziado", afirma Alcides Leite, professor de economia da Trevisan Escola de Negócios. "No entanto, o consumo continua crescente. Os preços não subirão demais e também não exibirão baixas tão grandes como a de agosto."


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