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Empresas reduzem coleta seletiva e misturam o lixo
Redução ocorre porque cooperativas não conseguem processar material
Sem ter onde deixar
o lixo reciclável, empresas o recolhem junto ao comum; prefeitura admite falha
EVANDRO SPINELLI
DE SÃO PAULO
CRISTINA MORENO DE CASTRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A coleta seletiva de lixo foi
reduzida na cidade de São
Paulo porque as 17 cooperativas de catadores conveniadas com a prefeitura não têm
conseguido processar todo o
material recebido.
Assim, latas, papéis e outros produtos recicláveis, separados pelos moradores,
vão parar nos aterros, misturados ao lixo comum.
Os caminhões especiais da
coleta seletiva chegam a recolher o lixo nas casas e depois estacionar em frente às
cooperativas. Esperam horas
para descarregar e, algumas
vezes, retornam lotados para
as garagens.
A consequência são menos desses caminhões especiais nas ruas e, com isso, lixo reciclado recolhido pelos
veículos comuns, misturado
ao lixo não separado.
Em média, as empresas
Loga e Ecourbis recolhem
120 toneladas de lixo reciclável por dia contra um total de
9 mil toneladas de lixo residencial comum.
Nas cooperativas, os catadores separam, limpam e
embalam o material, que depois é revendido -num processo que leva tempo, o que
limita a capacidade de receber mais descartes.
Até algumas semanas
atrás, as empresas levavam o
lixo da coleta seletiva diretamente para os aterros destinados ao lixo comum.
A prefeitura passou a proibir a entrada dos caminhões
de lixo reciclável no aterro, o
que não mudou em nada o
problema.
FALHAS
Loga e Ecourbis confirmam que têm despejado lixo
que foi separado para reciclagem em aterros.
A prefeitura admite que há
falhas na coleta seletiva e diz
que vai multar as empresas.
O problema ocorre na cidade inteira, segundo funcionários da Loga e cooperativas ouvidas pela reportagem. "Todo mundo está lotado", confirmou Jacy Cardoso, presidente da Cooperação, grupo de catadores da
Vila Leopoldina (zona oeste).
Para a presidente, o problema se resolveria se mais
cooperativas fossem conveniadas pela prefeitura. "Tinha que ter 62 cooperativas,
duas por subprefeitura."
São Paulo tem 94 cooperativas de catadores de lixo,
mas apenas 17 são credenciadas pelo município.
De acordo com o Movimento Nacional dos Catadores, se todas as cooperativas
fossem credenciadas, o número de pessoas envolvidas
no processo saltaria de 1.000
para cerca de 4.000.
O movimento defende que
a prefeitura credencie todas
as cooperativas, como forma
de resolver o problema.
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