São Paulo, segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

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Licença emperra túnel para a Imigrantes

Prefeitura não atualizou estudo ambiental, feito com base em projeto anterior da ligação da av. Roberto Marinho

Nova versão do projeto alterou tamanho e local da via subterrânea, o que exige reelaboração da análise ambiental


EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO

O projeto de construção do túnel entre a avenida Jornalista Roberto Marinho (zona sul de São Paulo) e a rodovia dos Imigrantes emperrou de novo -a prefeitura não atualizou os estudos ambientais.
A obra também está sendo considerada ilegal por alguns especialistas por desrespeito à lei da Operação Urbana Água Espraiada.
A prefeitura fez todo o levantamento dos impactos ambientais da construção considerando um túnel de 3,7 km de extensão.
No momento de aprovar a licença prévia da obra na Secretaria do Verde e Meio Ambiente, porém, ela mudou o tamanho e o local do túnel -o que exige novos estudos de impacto ambiental, que ainda não foram realizados.

PRIORIDADE
A obra na região do córrego Água Espraiada é uma das prioridades da gestão Gilberto Kassab (DEM). Deveria ter começado neste ano, mas, na melhor das hipóteses, só poderá ter início em 2011.
Com isso, o prefeito não conseguirá entregar o túnel, assim como o parque linear e a avenida que também constam do projeto. Seu mandato vai até o final de 2012.
O novo túnel, que agora está previsto para ter 2,4 km, é o quarto projetado pela prefeitura para a região. A obra é orçada em R$ 3,7 bilhões.
O valor, que engloba as desapropriações, é quase 50% maior que o primeiro orçamento divulgado pela prefeitura paulistana, em 2008.
Naquela época, Kassab anunciou que o túnel que ligaria a avenida Jornalista Roberto Marinho à região da Imigrantes custaria R$ 2,5 bilhões, também com as desapropriações. Aquele túnel teria 4,5 km de extensão.
Além das mudanças no projeto do túnel, o atraso para a obra começar também ocorre por questões legais.
Para usar os recursos obtidos diretamente pela operação urbana, a prefeitura precisa alterar, na Câmara, a lei original que regulamenta a intervenção, feita em 2001.
Tudo porque, naquela lei, está prevista a construção apenas de um túnel curto, de 400 m, perto da Imigrantes. Qualquer outra passagem subterrânea diferente disso, portanto, não pode fazer parte da obra.

QUATRO EXTENSÕES
A diferença básica entre os quatro projetos é o comprimento do túnel. Antes, ele chegou a ser projetado em três tamanhos: 400 m, 4,5 km e 3,7 km. O mais recente desenho é o que estabelece uma extensão de 2,4 km.
Segundo mostram as plantas detalhadas do novo trajeto do túnel, haverá grandes impactos do lado da Imigrantes. O desemboque da via subterrânea deve ser onde existe o estacionamento de um condomínio com quatro torres residenciais.
Para fazer toda a obra, a prefeitura também terá que construir 10 mil casas populares e desapropriar centenas de casas e lojas.
Grande parte da região atingida pela extensão da avenida Roberto Marinho é formada por favelas.
Conforme indica a legislação ambiental, não basta elaborar novos estudos de impacto. Até mesmo as audiências públicas já feitas precisariam ser anuladas e, depois, refeitas. O que vai atrasar ainda mais a obra.


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