Preocupados com a situação em SP, eles cobram providências concretas

"Falta uma estratégia mais efetiva para períodos como este", diz especialista; outro sugere ampliar o rodízio

DE SÃO PAULO

Médicos especializados nos efeitos do clima seco e da poluição sobre a saúde se dizem preocupados com a situação atual em São Paulo e cobram a adoção de medidas concretas e imediatas por parte do poder público.
"Seria preciso colocar mais carros no rodízio e aumentar o horário da restrição. O ar fica mais seco justamente entre o rodízio da manhã e o da tarde", diz o médico Paulo Saldiva, da USP.
"Na prática, porém, isso seria difícil", reconhece ele. "Sem carro, como a pessoa chegaria ao trabalho? São Paulo está pagando o preço por nunca ter priorizado o transporte público."
Só hoje, uma semana após a umidade do ar ter despencado, alunos das escolas municipais estão sendo orientados pela prefeitura a não praticar atividades ao ar livre.
O governo, entretanto, ainda não fez nenhum alerta para as escolas estaduais.
"Falta uma estratégia mais efetiva para períodos como este", afirma Nelson Gouveia, médico e pesquisador da USP e também especialista em poluição do ar.

MÉXICO E EUA
Em outros lugares do mundo, como a Cidade do México e a Califórnia, os índices de poluição do ar registrados em São Paulo desde sábado seriam suficientes para deflagrar diversas medidas, segundo as leis locais. Uma delas é o veto a qualquer tipo de queima, incluindo a de lixo.
A Defesa Civil da capital paulista e a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado) chegaram a decretar estado de atenção, mas não houve uma comunicação maciça do fato, como ocorre no exterior.
De acordo com Evangelina Vormittag, médica e presidente da ONG Instituto Saúde e Sustentabilidade, nenhum índice é capaz de medir o real tamanho do problema na cidade. "Aqui, a baixa umidade e a poluição se somam", diz. (EDUARDO GERAQUE E RICARDO WESTIN)


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