São Paulo, quarta-feira, 24 de outubro de 2007

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Kibon anuncia recall de sorvete com glúten no país

O rótulo do Cornetto Chococo, lançado há menos de um mês, não informava que o produto contém a proteína

Glúten não pode ser consumido por pessoas com doença celíaca; empresa diz não saber informar quantos sorvetes foram vendidos

DA REPORTAGEM LOCAL

A fabricante de sorvetes Kibon, de propriedade da Unilever Brasil, comunicou um recall do Cornetto Chococo por ter, equivocadamente, informado na embalagem que o produto não contém glúten. O ingrediente, segundo confirmou ontem a empresa, está na composição da casquinha.
A Kibon diz que determinou o recolhimento do produto e disponibiliza o atendimento ao consumidor pelo telefone 0800-707-99-33. Segundo a empresa, todas as amostras já foram recolhidas do mercado desde a semana passada. Mas a Kibon diz ser impossível informar quantos sorvetes foram produzidos, vendidos ou coletados dos postos de venda.
O Cornetto Chococo está no mercado há menos de um mês, e, segundo a Unilever, foi um lançamento para o verão.
Pessoas com a doença celíaca não podem consumir glúten, proteína presente no trigo, na aveia, no centeio, na cevada e no malte. A doença costuma surgir na infância, mas pode aparecer em qualquer idade.
A celíaca pode causar vômitos, diarréias, distensão abdominal e dificuldade na absorção dos nutrientes pelo organismo.
Segundo a Acelbra (Associação dos Celíacos do Brasil), pessoas com sensibilidade ao glúten devem evitar produtos como pães, biscoitos, bolos, massas, salsichas, hambúrguer e salgadinhos. Em 2003, entrou em vigor uma lei que obriga fabricantes a incluir nos rótulos as expressões "contém glúten" ou "não contém glúten".
Estudo feito na cidade de São Paulo pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) com 3.000 doadores de sangue mostra que há mais afetados pelo problema na população do que se imaginava. Ao menos um em cada 214 pessoas estudadas apresentou a doença.
"O problema é que, muitas pessoas, por mais que se oriente, não lêem o rótulo com os ingredientes dos produtos", diz Raquel Benati, presidente da Associação de Celíacos do Rio de Janeiro. "É preciso enviar cartas para cada celíaco do Brasil informando o erro."
"Muitos alimentos nem se sabe que têm glúten. Ketchup, por exemplo. A intolerância ao glúten é uma doença que pode matar e não se cura com remédio nenhum. É só não comer nada com o ingrediente", afirma o gastroenterologista pediátrico Jayme Murahovschi.
O Procon paulista informou que, por se tratar de possibilidade de risco à saúde do consumidor, a empresa deve, além de recolher o produto do mercado, divulgar amplamente o recall em jornais, rádio e TV, conforme a legislação brasileira.


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