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800 delegados são investigados em SP
Investigações da Corregedoria da Polícia Civil atingem 24% do total de delegados da corporação; 418 policiais foram removidos
Procedimentos foram abertos por suspeitas como prevaricação e violência e atingem alguns dos nomes mais importantes da polícia
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Cerca de 800 dos 3.313 delegados de SP (24%) são investigados hoje pela Corregedoria
da Polícia Civil numa das maiores tentativas de depuração dos
104 anos da corporação.
São procedimentos abertos
pelas mais variadas suspeitas
(extorsão, enriquecimento,
violência, prevaricação, mau
uso de dinheiro público etc.) e
que atingem nomes dos mais
importantes da Polícia Civil,
que tem 33 mil integrantes.
As investigações se intensificaram em agosto de 2009,
quando o secretário da Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, suspeitando de corporativismo (muitos dos casos se
arrastavam havia anos), decidiu reformular a Corregedoria,
vinculando-a diretamente ao
seu gabinete, e nomear pela
primeira vez uma mulher para
a chefia do órgão, a delegada
Maria Inês Trefiglio Valente.
Além de acelerar as apurações e incentivar a abertura de
novos procedimentos (um total
de 8.579 casos contra policiais
de várias funções), Ferreira Pinto removeu 418 policiais de três
dos principais órgãos da instituição, a própria Corregedoria,
o Deic (departamento de roubos) e o Denarc (narcóticos).
São policiais contra quem pesam suspeitas ou que simplesmente não têm o "perfil" desejado -Ferreira Pinto os afastou
por acreditar que eles não estavam preparados para atuar em
departamentos importantes.
Nessas trocas, delegados até
então considerados intocáveis
foram colocados na "geladeira"
-postos de menor destaque.
Exemplos: A) Ruy Ferraz Fontes, "xerife" do combate à facção criminosa PCC, hoje está
em uma delegacia na periferia.
B) Everardo Tanganelli Jr.,
ex-Denarc, hoje no setor de
cartas precatórias, é suspeito
de enriquecimento ilícito. Em
férias, não foi achado pela Folha. C) Maurício Lemos Freire,
ex-n.º 1 da Civil, hoje no setor
de helicópteros, é suspeito de
não apurar fraude em concurso. Está em férias e não foi localizado. D) Antonio Carlos Bueno Torres, que ocupou cargo
importante no Detran, está em
função de menor importância.
É suspeito de dispensar licitação. À reportagem, afirmou:
"Vá cuidar da sua vida!".
E) Pedro Pórrio, importante
delegado do Denarc, hoje em
funções burocráticas, foi denunciado à Justiça sob acusação de extorquir US$ 800 mil
da quadrilha do traficante Juan
Abadía. Daniel Bialski, seu advogado, diz que ele é inocente.
Caso do informante
Um outro delegado foi escanteado após ter sido descoberto
que ele e membros de sua equipe ameaçaram de morte os familiares de um presidiário informante que "falou demais".
O preso havia dado às autoridades a localização de um suspeito de envolvimento na morte
do juiz Antonio Machado Dias,
de Presidente Prudente -ocorrida em 2003. O nome do delegado é mantido em sigilo pela
secretaria, que busca provas.
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